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quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

A DOUTRINA DA CRUZ

 

Afirmar que as comemorações da Semana Santa do ano 2000 são as qüingentésimas celebrações da morte e ressurreição de Jesus em solo brasileiro é um perdoável exagero. A menos que os dois degredados e os dois desertores que ficaram em terra e outros europeus que foram chegando aos poucos tenham se lembrado de fazer isso até à chegada da primeira leva de missionários estáveis, em março de 1549, sob a chefia de Manuel da Nóbrega. Quanto a Afonso Ribeiro e o outro degredado, eles foram levados de volta a Portugal por Gonçalo Coelho 1 ano e 8 meses depois. Porém, outros degredados e náufragos, como o Bacharel da Cananéia e João Ramalho, foram se fixando no litoral brasileiro no correr dos anos.

No quarto domingo de abril, dia 26, cinco dias depois do “achamento”, celebrou-se no ilhéu da Coroa Vermelha, em Santa Cruz Cabrália, Bahia, a primeira missa, oficiada por Dom Henrique Soares de Coimbra. Era o primeiro ofício religioso cristão realizado no Brasil e na América do Sul. Cinco dias depois, celebrou-se a segunda missa, precedida de uma procissão, tendo à frente os estandartes da Ordem de Cristo. Participaram da cerimônia mais de mil portugueses e cerca de 150 índios. Pero Vaz de Caminha ficou tão entusiasmado com a presença e a atuação dos nativos, que imitavam os fiéis durante a celebração, que fez um veemente apelo a Dom Manuel I, o Venturoso, rei de Portugal, para enviar o mais rápido possível um clérigo para dar assistência a eles. Dom Manuel engavetou o desafio missionário de Caminha e não tomou nenhuma providência nesse sentido. O novo e imenso campo missionário teve de aguardar a Contra-Reforma e a organização da Sociedade de Jesus, sob a liderança principal de Inácio de Loyola, 4 anos mais novo que Martinho Lutero. Meio século depois do apelo de Caminha, chegaram à Bahia os seis primeiros missionários jesuítas. A partir de então, sem dúvida, as celebrações da morte e ressurreição de Jesus foram constantes.

Em 1805, três séculos depois da descoberta do Brasil, um navio de bandeira inglesa, que estava de viagem para a Índia pela mesma rota de Cabral, aportou na Bahia por 15 dias. Um dos passageiros, de 24 anos, formado em matemática em Cambridge e ordenado ministro anglicano 3 anos antes, desceu do navio e foi conhecer a terra ensolarada que estava à sua frente. Chamava-se Henry Martin e era apaixonado por Lydia Grenfeld, uma inglesinha chata que não lhe dizia nem sim nem não. Martin, à semelhança dos franciscanos que vieram com Cabral, ia para a Índia na qualidade de missionário.

Martin se encontrou com pessoas importantes e com alguns sacerdotes católicos, com os quais conversou em latim e francês. Como Paulo, que ficou impressionado com a quantidade de altares na cidade de Atenas, o jovem em trânsito ficou surpreso com a quantidade de cruzes em Salvador e registrou em seu apreciadíssimo diário:

“Cruzes há em abundância, mas quando será aqui, arvorada a doutrina da cruz?”

A cruz, o melhor símbolo do cristianismo, é muito importante. Nós a temos em nossos templos, hospitais, ambulâncias, morros, casas e em nosso peito. Somos mais privilegiados que outros povos porque temos a cruz até em nossos céus. Foi o médico e astrônomo da armada de Cabral, João Faras, mais conhecido como Mestre João, que batizou de Cruzeiro do Sul a constelação cujas estrelas principais formam o desenho de uma cruz.

Mas a cruz sem a doutrina da cruz apenas cristianiza, não evangeliza. De modo geral, nosso cristianismo está gasto. Precisa ser renovado. Católicos e protestantes estão atentos a esse fato. Enquanto países não cristãos precisam urgentemente de evangelização, países cristãos precisam com a mesma ou maior urgência de reevangelização.

A celebração dos 500 anos de história tem de incluir uma revolução religiosa dentro do país. A reevangelização se faz com a Bíblia aberta, com a leitura dos Evangelhos, com a redescoberta de Jesus, aquele que morreu pelos nossos pecados e ressuscitou para nossa justificação.

Precisamos celebrar como nunca a morte e a ressurreição de Jesus agora em abril, sob o estímulo dos 500 anos. Com profundidade teológica, com piedade cristã, com abertura de alma, com convicção de pecado e arrependimento, com humildade e obediência.

O que o leitor vai encontrar nas próximas páginas da revista Ultimato possivelmente o ajudará a ficar bem por dentro da doutrina da cruz!

http://www.ultimato.com.br/ult263/doutrina.htm

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