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quinta-feira, 21 de agosto de 2014

A Epístola do Apóstolo Paulo aos Efésios

 

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De maneira direta, esta carta se apresenta como sendo de Paulo (1.1, 3.1). Muitos temas e expressões que são comuns em suas cartas anteriores são encontrados freqüentemente em Efésios. As semelhanças verbais com o livro de Colossenses são marcadamente visíveis.

No entanto, na era moderna, existem questionamentos sobre a autoria de Paulo. Para alguns, o livro de Efésios parece depender demais de Colossenses. Mesmo que a carta soe como se fosse de Paulo, algumas frases tendem a se formar e multiplicar-se mais do que nas cartas anteriores. A carta é mais uma oração do que uma carta de instrução. A doutrina, cede lugar à doxologia; o argumento racional, ao temor respeitoso. Idéias que só são implícitas nas suas cartas anteriores (p.ex.: que além das igrejas locais existe uma igreja universal) se tornam explícitas aqui. Tais considerações levam muitos a dizer que Efésios foi escrito por um dos alunos de Paulo que estava tentando desenvolver algumas das idéias dele, especialmente aquelas expressas em Colossenses.

A linguagem e o estilo de Efésios são certamente diferentes em alguns aspectos das outras cartas de Paulo. Ainda assim, parecem tanto com Paulo que mesmo se a carta não tivesse o seu nome, seria difícil imaginar que a igreja a creditasse a qualquer outra pessoa. Os livros de Efésios e Colossenses são muito semelhantes. Mas aqueles que duvidam da autoria paulina ainda não refletiram sobre como é incômodo imaginar uma pessoa que esteja tão ansiosa a imitar o seu professor que transcreva alguns versículos de Colossenses palavra por palavra, e ainda assim de maneira tão criativa a transformar o estilo de Paulo de doutrina e persuasão para um de doxologia e oração, e, desta maneira, ousar ultrapassar corajosamente as fronteiras da teologia de Paulo, do Cristo exaltado e reinante, para uma exposição da igreja universal.

As semelhanças verbais com Colossenses são mais facilmente explicadas entendendo-se que Paulo escreveu Efésios pouco depois de completar a carta aos Colossenses. Paulo adotou uma abordagem devocional e de oração à medida que contemplava o significado eterno e universal da igreja de Cristo, continuando assim as reflexões no assunto que domina a sua correspondência com os Colossenses — o significado eterno e universal do próprio Cristo.

Data e Ocasião:

A prisão mencionada em 3.1 e 6.20 é a mesma referida em Cl 4.3, 10, 18, e foi provavelmente a prisão domiciliar de dois anos de Paulo em Roma (60-62 d.C.) descrita em At 28.

Éfeso era a capital da província romana da Ásia, na costa oeste da Ásia Menor. Ela ficava entre as duas metades (ocidental e oriental) do império romano e estava entre as maiores cinco cidades do império durante o primeiro século. Ela era importante para o crescimento do cristianismo. Durante a estadia (mais longa que de costume) de Paulo em Éfeso, ela se tornou o centro para a evangelização da parte ocidental da Ásia Menor (At 19.10). Os laços afetivos entre Paulo e esta igreja são revelados no seu discurso de despedida aos seus presbíteros (At 20.16-38).

O monumento cívico mais proeminente de Éfeso era uma das sete maravilhas do mundo antigo, o templo da deusa Diana. Em uma inscrição, a cidade descreve a si própria como sendo a "alimentadora" da deusa, que por sua vez tornava Éfeso na "mais gloriosa" das cidades Asiáticas. Pessoas daquela área apreciariam a ironia nas palavras de Paulo sobre como Cristo alimenta ao seu próprio corpo, que é a igreja (5.29). Eles apreciariam o ponto de contraste quando Paulo descreve a igreja de Cristo como sendo sua noiva "gloriosa" ou radiante (5.27). É também em Éfeso que a pregação de Cristo, por Paulo, entra num conflito dramático com uma indústria importante que dependia da adoração pagã (At 19.23-41), e que o evangelho inspira uma grande conversão do oculto (At 19.17-20). O clamor de Paulo em expor as obras das trevas (5.8-14) e em preparar para a guerra contra "as forças espirituais do mal, nas regiões celestes" (6.12) afetaria aos leitores originais com uma força toda especial.

A carta provavelmente tinha uma audiência maior do que somente a cidade de Éfeso. Alguns dos manuscritos gregos mais antigos não incluem "em Éfeso" no endereço da carta (1.1), tendo em vez disso "aos santos que são fiéis em Cristo Jesus". Vários escritores cristãos primitivos parecem não conhecer um endereço especifico de Éfeso. A carta não tem as referências e saudações pessoais que Paulo quase sempre inclui em suas correspondências. Ao mesmo tempo, nenhum manuscrito nomeia qualquer outra cidade como sendo o endereço da epístola. Muitos estudiosos acreditam que Efésios tenha sido escrito como uma carta geral a um número de igrejas na região. Isto seria coerente com o conteúdo abrangente da carta como um todo.

Paulo provavelmente mandou a carta para Éfeso em primeiro lugar, mas à medida que a carta foi enviada de igreja em igreja, o endereço foi omitido porque o conteúdo tinha pouco a ver com Éfeso em particular. Pode ser também que a carta tenha existido em duas formas originalmente, uma para os Efésios e outra para a circulação geral.

Características e Temas:

Assim como a carta aos romanos, a epístola aos Efésios nos fornece um ponto de vista especial do pensamento de Paulo, já que ele podia dar-se ao luxo de abordar uma questão importante sem a distração de ter que resolver uma controvérsia local. O foco de Efésios é o mistério da igreja.

A igreja é a nova humanidade de Deus, uma colônia onde o Senhor da história estabeleceu uma amostra da unidade e dignidade renovada da raça humana (1.10-14; 2.11-22; 3.6,9-11; 4.1—6.9). A igreja é uma comunidade onde o poder de Deus de reconciliar as pessoas a si próprio é experimentado e compartilhado em relacionamentos transformados (2.1-10; 4.1-16; 4.32—5.2; 5.22—6.9). Ela é um novo templo, uma construção feita de pessoas, fundada na revelação segura do que Deus tem feito na história (2.19-22; 3.17-19). A igreja é um organismo onde o poder e a autoridade são exercidos segundo o padrão de Cristo (1.22; 5.25-27), e a sua mordomia é uma maneira de serví-lo (4.11-16; 5.22—6.9). A igreja é um posto avançado num mundo tenebroso (5.3-17), buscando o dia da redenção final. Sobre tudo, a igreja é a noiva que se prepara para a chegada do seu amado esposo (5.22-32).

Esboço de Efésios

I. Saudações (1.1, 2)

II. Louvor a Deus pelas bênçãos em Cristo (1.3-14)

A. Eleito pelo Pai (1.3-6)

B. Redimido pelo Filho (1.7-10)

C. Selado pelo Espírito (1.11-14)

III. Oração pela igreja (1.15-23)

IV. Nossa posição em Cristo (2.1-3.13)

A. Reconciliados com Deus e assentados com Cristo (2.1-10)

B. Reconciliados com o povo de Deus e experimentando a transformação como templo de Deus (2.11-22)

C. Recebedores e reveladores do mistério de Deus (3.1-13)

V. Oração pela igreja e doxologia (3.14-21)

VI. Nosso caminhar com Cristo: em direção a unidade e pureza (4.1—6.9)

A. Unidade e diversidade (4.1-16)

B. Uma nova mente (4.17-24)

C. Um novo caminhar: em unidade, amor, pureza, luz, e sabedoria (4.25—5.17)

D. O encher-se do Espírito (5.18-6.9)

1. Em adoração e submissão uns aos outros (5.18-21)

2. Submissão mútua em relacionamentos específicos (5.22-6.9)

a) Maridos e mulheres (5.22-33)

b) Pais e filhos (6.1-4)

c) Mestres e escravos (6.5-9)

VII. Nossa posição contra as forças espirituais das trevas (6.10-20)

A. Convocação às armas contra o nosso verdadeiro inimigo (6.10-12)

B. Nossa armadura, nossas armas, e nossa estratégia (6.13-20)

VIII. Saudações finais (6.21-24)

A Salvadora Graça de Deus (1.7)

Benefício:

Bençãos espirituais em Cristo nas regiões celestiais (v 3); remissão dos pecados (v 7)

Origem:

Escolha divina na eternidade (v 4); o beneplácito da sua vontade (v 5)

Propósito:

Sermos santos e irrepreensíveis (v 4); convergência em Cristo (v 10)

Privilégio:

Adoção na Família de Deus por meio de Cristo (v 5)

Preço:

O sangue de Cristo (v 7)

Meios:

Pregação da Palavra, que conduz à fé em Cristo (vs 12,13)

Garantia:

O Espírito Santo como penhor da nossa herança (vs 13,14)

Fonte: Bíblia de Genebra

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