Zacarias Ursino e Gaspar Oleviano
O
Catecismo de Heidelberg: Sua História e Influência
Alderi Mattos
Uma das principais
características da Reforma Protestante do século XVI foi a produção de um
grande número de declarações doutrinárias na forma de confissões e catecismos.
Estas declarações resultaram tanto de necessidades teológicas quanto pastorais,
à medida em que os novos grupos definiam a sua identidade em um complexo
ambiente religioso, cultural, social e político. Mark Noll observa que esse
fenômeno é típico da Reforma, uma vez que o termo "confissão", em seu
sentido mais comum, designa as declarações formais da fé cristã escritas
especialmente por protestantes, desde o início do seu movimento.(1)
Embora tais documentos
normalmente sejam classificados como confissões e catecismos, é importante
recordar que os catecismos são também confissões de fé. A distinção é formal,
já que os catecismos são simplesmente "declarações de fé escritas na forma
de perguntas e respostas que na época da Reforma freqüentemente serviram aos
mesmos propósitos que as confissões formais." (2)
O ramo reformado do
protestantismo foi pródigo na produção de tais documentos, particularmente no
período decorrido entre o primeiro catecismo de João Calvino, Instrução na Fé
(1537), e os catecismos de Westminster (1648). Uma das mais extraordinárias
declarações de fé escritas naquele período foi o famoso Catecismo de
Heidelberg, também conhecido como o Heidelberger o mais importante documento
confessional da Igreja Reformada Alemã.
O objetivo do presente artigo
é refletir sobre a singularidade desse documento, tanto no que diz respeito às
circunstâncias históricas que conduziram à sua preparação, quanto no que se
refere à natureza excepcional do seu conteúdo e da sua contribuição à igreja.
Conforme destaca Karl Barth, o Catecismo de Heidelberg resultou das
necessidades imediatas da vida de uma igreja em particular.(3) Ao final,
todavia, ele se tornou a mais ecumênica das confissões de fé protestantes. Esse
estudo irá abordar os antecedentes históricos do catecismo, os dois homens mais
intimamente associados com a sua preparação, suas principais características e
sua influência duradoura.
Antecedentes históricos
Foi especialmente na década
de 1560 que o protestantismo reformado penetrou na Renânia.(4) Enquanto o
luteranismo debatia-se com divisões internas, a tradição reformada suíça fez
avanços em estados anteriormente luteranos. Os líderes do movimento eram alemães
que haviam sido inspirados por Zurique e Genebra, mas que estabeleceram os seus
próprios padrões. Para alguns, este era o próximo passo a partir do Filipismo
(luteranismo moderado) em direção a uma ampla restruturação do culto e da
disciplina. Este movimento algumas vezes tem sido denominado "a segunda
reforma".(5)
Nas cidades-estado do Baixo
Reno, o movimento teve início através de pressões congregacionais. Ainda na
década de 1540, refugiados holandeses começaram a chegar ao Baixo Reno e esse
influxo de imigrantes tornar-se-ia gigantesco após a repressão promovida pelo
Duque de Alba em 1567. Em outras áreas, as mudanças religiosas foram promovidas
pelos governantes.
A reforma em Estrasburgo, sob
a liderança de Bucer (morto em 1551), já havia manifestado algumas
características reformadas. Calvino havia trabalhado ali (1538-41) e era
conhecido de muitos naquela região. Na década de 1550 Estrasburgo tornou-se
fortemente luterana e anti-calvinista.
O Palatinado Renano ou Baixo
Palatinado foi o primeiro e o mais importante estado a envolver-se com o novo
movimento. Lutero havia visitado Heidelberg em 1518; naquela época, Bucer,
então um jovem dominicano, abraçara a causa protestante. Heidelberg adotou o
luteranismo sob Frederico II em 1545-46. Todavia, durante a maior parte dos
vinte anos seguintes, uma série de conflitos manteve a vida da cidade em
turbulência.(6)
Sob o eleitor Oto Henrique
(1556-59), o Baixo Palatinado adotou um luteranismo moderado que tolerava o
zuinglianismo e o calvinismo. No entanto, ao final da década de 1550 houve um
grave conflito na Universidade de Heidelberg, no qual extremistas luteranos atacaram
aqueles de convicção melanchtoniana e reformada e introduziram formas de culto
vistas como idolátricas pelos seus oponentes. A intolerância anti-calvinista
desagradou a Oto Henrique e a seu sucessor Frederico III (1559-76).
O eleitor Frederico ficou
particularmente incomodado com uma amarga controvérsia a respeito da Ceia do
Senhor ocorrida em 1560. Um pastor luterano e um diácono calvinista discutiram
violentamente diante dos cidadãos reunidos para uma celebração dominical da
Ceia do Senhor. Frederico baniu os dois antagonistas e tentou achar um caminho
melhor. Ele era um homem sinceramente religioso e inteligente que havia sido
convertido ao luteranismo através da sua esposa. Ele familiarizou-se com os
pontos controvertidos de culto e doutrina. Seu desprazer em relação a
cerimônias elaboradas fizeram-no inclinar-se em direção ao calvinismo. Era cada
vez mais difícil manter o luteranismo liberal do seu predecessor, agora que
Melanchton estava morto (abril de 1560).
Depois de um debate de cinco
dias realizado em Heidelberg (junho de 1560), no qual as doutrinas calvinistas
foram apresentadas de maneira convincente, Frederico começou a tomar
providências no sentido de adotar o calvinismo. Em agosto, os religiosos que
não quiseram aceitar a confissão Augustana Variata (1541) tiveram de
retirar-se.
Em janeiro de 1561, uma
conferência de príncipes realizada em Naumburg separou luteranos e calvinistas
de modo ainda mais dramático, e o eleitor passou a promover o calvinismo nos
seus domínios. Na realidade, tratava-se de um calvinismo marcado por um
espírito melanchtoniano.(7)
Frederico precisava de
teólogos que pudessem trabalhar juntos. Ele encontrou uma dupla notável em
Zacarias Ursino e Gaspar Oleviano, talentosos teólogos de orientação suíça,
ambos com menos de 30 anos. Ursino foi nomeado professor de teologia ele havia
iniciado a sua educação teológica com Melanchton, mas também estudara
pessoalmente com Calvino. Oleviano era um protestante reformado francês que
também havia estudado com Calvino e apreciava os escritos de Melanchton. Ele
tornou-se o pastor da principal igreja de Heidelberg.
Noll comenta que "juntos
eles formaram uma equipe de rara compatibilidade (...) Ambos estavam ansiosos
para trabalhar juntos a fim de apresentar uma frente protestante comum. E ambos
tinham o dom de discernimento pastoral."(8) Seus nomes ficariam permanentemente
associados ao produto mais influente do movimento reformado alemão o Catecismo
de Heidelberg, publicado a 19 de janeiro de 1563.
Os Contribuidores
Zacarias Ursino
Zacarias Ursino (1534-1583)
nasceu na cidade silésia de Breslau (hoje na Polônia). Seu pai era um homem de
recursos modestos, mas Zacarias teve uma excelente educação preparatória graças
às suas conexões e ao apoio de um benfeitor Dr. João Crato, o médico da
família.
Na sua juventude, Ursino foi
grandemente influenciado pelo seu pastor, Miobano, um luterano com tendências
calvinistas. Ursino passou quase sete anos em Wittenberg (1550-57) sob a
orientação de Filipe Melanchton, ao qual se apegara fortemente. Ali ele estudou
lógica, dialética e teologia.
Quando Melanchton foi para a
conferência de Worms (1557), levou Ursino consigo. Ao terminar a conferência,
Ursino passou dez dias em Heidelberg com o eleitor Oto Henrique. Em 1557-58 ele
foi para a Suíça e a França numa viagem de estudos, e visitou todas as figuras
conhecidas que pode, inclusive Calvino. Logo após regressar para Wittenberg foi
chamado para ensinar em sua cidade natal, mas teve de partir em abril de 1560
durante uma controvérsia a respeito da Ceia do Senhor. Ele então foi para
Zurique, onde Pedro Mártir o conduziu a um calvinismo explícito.
"Com 27 anos, Ursino era
um estudioso altamente preparado, apreciador dos clássicos e da poesia, e
familiarizado com todo o campo da teologia."(9) Ele foi para Heidelberg em
setembro de 1561. Com a reação luterana que se seguiu à morte de Frederico III,
ele mudou-se para Neustadt, onde passou os últimos cinco anos da sua vida, ensinando
na escola fundada por João Casimir.
À semelhança de Calvino,
Ursino era um estudioso retraído que tinha a modesta ambição de levar uma vida
tranqüila; porém, a sua posição em Heidelberg tornou isto impossível.(10) O
conselho afixado à sua porta em Neustadt é bastante revelador da sua personalidade:
"Meu amigo, seja você quem for, torne a sua visita breve, vá embora, ou
ajude-me no meu trabalho."(11)
Ursino sempre afirmou que
pertencia à igreja evangélica. Derk Visser observa que "ele não pode ser
categorizado como pertencente a nenhuma escola ou movimento que não seja a
igreja evangélica."(12) Ele esteve sempre ansioso por encontrar fórmulas
conciliatórias e lutou sinceramente pela paz teológica.
Zacarias Ursino escreveu ou
editou algumas das obras mais fundamentais da Igreja Reformada Alemã. A
exposição mais sistemática da sua teologia pode ser encontrada no seu comentário
sobre o Catecismo de Heidelberg. Peter A. Lillback argumenta que outra
importante contribuição feita por ele à teologia reformada foi "a primeira
apresentação claramente articulada do pacto das obras, que Ursino denominou
como o `pacto da criação' ou o `pacto da natureza'."(13)
Gaspar Oleviano
Kaspar von Olewig (1536-1587)
nasceu em Treves, na fronteira de Luxemburgo. Seu pai era o chefe da associação
de padeiros da cidade. O jovem Oleviano freqüentou escolas católicas; aos
quatorze anos foi para Paris e mais tarde, à semelhança de Calvino, estudou
direito em Orleans e Bourges (1550-57). Quando estava em Bourges, conheceu o
futuro eleitor ao tentar, em vão, salvar o filho de Frederico quando o mesmo se
afogava. Durante aqueles anos ele foi influenciado por estudantes huguenotes e
tornou-se um calvinista.(14)
Após a sua formatura,
Oleviano estudou com vários líderes protestantes na Suíça (Pedro Mártir, Beza e
Calvino) e foi incentivado a voltar para Treves. Não havia nenhuma igreja
protestante na cidade. Oleviano ensinou por um ano e meio na academia local e
em agosto de 1560 pregou um sermão eletrizante no qual atacou a missa, o culto
dos santos, procissões e outras práticas católicas. Ele suplicou ao povo que
observasse os ensinamentos das Escrituras. Dois meses depois foi preso
juntamente com o prefeito e outras pessoas que o apoiaram.
Frederico imediatamente
enviou embaixadores a Treves e obteve a sua soltura. Oleviano foi para
Heidelberg no dia 22 de dezembro de 1560 e tornou-se pastor da Igreja de S.
Pedro, bem como professor na escola de teologia. McNeill comenta: "Ele era
dois anos mais moço que Ursino, mais eloqüente e menos erudito."(15)
A Produção do Heidelberger
Ursino e Oleviano trabalharam
no Colégio da Sabedoria, a escola de teologia criada por Frederico. Oleviano
atuou principalmente como pregador e Ursino como professor.
Frederico III queria um
catecismo conciliador que pudesse combinar o melhor da sabedoria luterana e
reformada, e que servisse para instruir as pessoas comuns nos elementos básicos
da fé cristã.(16) Anteriormente ele havia buscado o conselho de Melanchton, que
recomendou um acordo baseado na simplicidade bíblica, moderação e paz, e
advertiu contra sutilezas escolásticas.
A exata autoria do Catecismo
de Heidelberg é uma questão controvertida. Joseph H. Hall declara que Ursino
tornou-se a sua principal "fonte" juntamente com Oleviano, mas
"a verdadeira autoria do Catecismo de Heidelberg permanece
inconclusiva."(17) Barth vai além e diz que "o catecismo não é obra
de um autor; é obra de uma comunidade."(18) No entanto, ele admite que os
dois teólogos tiveram uma participação decisiva no projeto.
Com respeito a Oleviano, Lyle
Bierma observa que a historiografia dos últimos 350 anos o havia ligado a pelo
menos duas fases da obra: a redação dos esboços iniciais e a redação final da
primeira edição alemã.(19) Ele mesmo acredita que o papel de Oleviano foi o de
um redator intermediário ele teria preparado um esboço do texto alemão baseado
em grande parte na Catechesis Minor de Ursino (1562), que então apresentou o
referido esboço a um grupo maior de teólogos e pastores para a elaboração
final.(20)
O catecismo foi publicado
inicialmente sob o título Catecismo ou Instrução Cristã como tem sido
transmitida nas Igrejas e Escolas do Palatinado Eleitoral.(21) Questões controvertidas
quanto à Ceia do Senhor foram evitadas e o conceito calvinista da predestinação
foi apresentado de uma forma mais moderada.
Uma edição latina publicada
em 1563 foi usada como base para várias traduções para o inglês. O Catecismo
Palatino, como veio a ser chamado, teve ampla aceitação na Escócia. A sua
aprovação pelo Sínodo de Dort (1618) aumentou grandemente a sua autoridade.
A Recepção do Heidelberger
O catecismo rapidamente
obteve aceitação formal em praticamente todas as igrejas calvinistas. "Ele
tornou-se imediatamente popular naquelas partes da Alemanha que se inclinavam
na direção reformada e até mesmo alcançou algum sucesso em áreas luteranas,
durante as duas décadas seguintes..."(22)
Frederico resistiu a todas as
pressões de outros príncipes e do imperador Maximiliano no sentido de repudiar
o catecismo. Em maio de 1566 ele foi convocado a explicar-se diante da dieta
imperial reunida em Augsburgo, sob a acusação de ser um violador do Tratado de
Augsburgo (1555). Em virtude de sua defesa eloqüente e convincente, nenhuma
ação punitiva foi tomada e ele passou a organizar mais plenamente a igreja
palatina, a fim de dar-lhe segurança e estabilidade.
O próximo eleitor, Luís VII
(1576-83), filho de Frederico, agiu visando abolir a Igreja Reformada e
restaurar o luteranismo estrito. Cerca de 600 pastores e professores foram
expulsos, entre os quais Oleviano, que foi para Nassau-Dillenburg, e Ursino,
que refugiou-se na corte do eleitor João Casimir. Casimir sucedeu a seu irmão e
restaurou o calvinismo. Mais tarde, Frederico IV (1592-1610) continuaria a
favorecer a Igreja Reformada e a fortalecer a sua organização.(23)
A importância do Catecismo de
Heidelberg como um guia para a vida cristã é evidenciada pelas suas muitas
edições e traduções. Somente durante as últimas décadas do século XVI, 43
edições e traduções vieram à luz. Ao todo, mais de 200 versões já foram
identificadas.(24)
O Heidelberger teria uma
influência ainda maior na Holanda. Por volta de 1586 os ministros da igreja
protestante holandesa precisavam subscrevê-lo como expressão de sua fé, e ele
tornou-se a base da "pregação catequética" semanal tanto na Holanda
quanto na Alemanha.
Principais características
O Catecismo de Heidelberg tem
sido destacado como a mais bela das confissões de fé produzidas pela Reforma
Protestante, e a mais generosa e pessoal dentre as exposições do Calvinismo.
Trata-se de uma confissão
constituída de 129 perguntas e respostas, tendo a sua seqüência baseada na
Epístola aos Romanos. As duas primeiras perguntas são introdutórias. A primeira
pergunta, "uma jóia de confissão existencial",(25) estabelece o teor
do documento, e a segunda pergunta esboça o que vem a seguir: "meu pecado
e miséria", "como eu sou redimido" e "como devo ser
grato."
O documento tem três divisões
principais: a Primeira Parte - Nosso Pecado e Culpa: A Lei de Deus (perguntas 3 a 11), é uma confissão da
pecaminosidade humana e do desprazer de Deus. A Segunda Parte - Nossa Redenção
e Liberdade: A Graça de Deus em Jesus Cristo (perguntas 12 a 85), revela o plano de
redenção e inclui uma exposição do Credo dos Apóstolos. A Terceira Parte -
Nossa Gratidão e Obediência: Nova Vida através do Espírito Santo (perguntas 86 a 129), apresenta a
gratidão obediente como o fundamento das boas obras e inclui uma exposição dos
Dez Mandamentos e da Oração Dominical. Esta seção vê a vida cristã como a resposta
de gratidão do crente às bênçãos de Deus. O catecismo constitui-se em um
"pequeno clássico da vida devocional."(26)
Os estudiosos têm destacado
algumas outras características que tornam este documento especialmente notável:
(a) O uso do pronome da
primeira pessoa, muitas vezes no singular, "confere ao seu testemunho
evangélico um tom caloroso e pessoal."(27) Bons exemplos disto são a pergunta
n° 1: "Qual é o teu único consolo, na vida e na morte?" Resposta:
"Que eu pertenço corpo e alma, na vida e na morte não a mim mesmo, mas ao
meu fiel Salvador, Jesus Cristo..."; e a definição de fé encontrada na
resposta à pergunta n° 21: "É não somente um conhecimento seguro pelo qual
eu aceito como verdadeiro tudo o que Deus nos revelou em sua Palavra, mas também
uma confiança plena de que o Espírito Santo cria em mim através do evangelho..."
(b) É a mais ecumênica dentre
as confissões da Reforma, reunindo três correntes do pensamento reformado.
Ademais, está isenta de definições dogmáticas e é notavelmente não-sectária.(28)
A pergunta 80, sobre a diferença entre a Ceia do Senhor e a Missa, foi inserida
pelo eleitor Frederico após a primeira impressão.
(c) Possui um caráter
inteiramente bíblico; toda a sua estrutura é moldada pela perspectiva bíblica.
O catecismo deixa a Bíblia falar e não procura substituí-la.
(d) Em sua posição teológica,
o catecismo é cristão, evangélico e reformado, estando plenamente radicado na
tradição dos apóstolos e dos concílios ecumênicos da igreja antiga.(29)
(e) O catecismo é um manual
de religião prática. Em lugar de levantar problemas especulativos, a fé cristã
é apresentada de maneira prática, acentuando-se a sua importância para a vida
diária. Foi concebido para ser ao mesmo tempo um guia para a instrução religiosa
das crianças e jovens e uma confissão para toda a igreja.(30)
Bela Vassady comenta que o
Catecismo de Heidelberg tem cumprido um quádruplo propósito: catequético,
teológico, litúrgico e querigmático. "Ele combina de modo feliz a ênfase à
necessidade humana de salvação com um testemunho ainda mais forte do triunfo da
graça e glória de Deus em Sua contínua obra de redenção."(31)
Outros temas importantes são
a sua ênfase na bondade e providência de Deus, sua forte preocupação
soteriológica e sua insistência numa "interioridade que não se torna em
mera subjetividade."(32) Joseph Hall comenta que "o Catecismo de
Heidelberg presta-se a uma pedagogia holística. Ele contém perguntas cognitivas
com respostas devocionais."(33) Isto pode ser visto nas perguntas e
respostas sobre a Oração Dominical (119-129).
Finalmente, como muitas
outras declarações de fé reformadas, o ensino sobre os Dez Mandamentos vem após
uma exposição do Credo dos Apóstolos (nas declarações de Lutero é o contrário).
Estas posições não são antitéticas, mas apontam para ênfases diferentes: a Lei
como parte do alegre serviço do crente a Cristo (ênfase reformada) e como a
força que impele o pecador a Ele (ênfase luterana).
Influência duradoura
Por mais de quatrocentos anos
o Catecismo de Heidelberg tem sido uma fonte de conforto, encorajamento e
alimento espiritual para muitas gerações de cristãos em vários continentes. Ele
não só tem proporcionado inspiração a homens e mulheres que enfrentam pressões
externas e lutas interiores, mas também tem sido um poderoso incentivo ao diálogo
e à aceitação mútua entre diferentes grupos e tradições cristãs. Isto se tornou
possível, por um lado, graças às circunstâncias peculiares que contribuíram
para a sua composição e, por outro lado, devido à maneira feliz com que seus
autores expressaram as antigas verdades de um modo que se tornou relevante e
significativo para os seus contemporâneos naqueles dias turbulentos.
Espera-se que as igrejas
reformadas deste final do século XX possam conhecer e utilizar melhor mais este
valioso elemento de nossa herança evangélica.
DOMINGO 1
1.
Qual é o seu único conforto, na vida e na morte?
O
meu único conforto é meu fiel Salvador Jesus Cristo (1). A Ele pertenço, em corpo e alma, na vida e na
morte (2), e não pertenço a mim mesmo (3). Com seu precioso sangue Ele pagou
(4) por todos os meus pecados e me libertou de todo o domínio do diabo (5).
Agora Ele me protege de tal maneira (6) que, sem a vontade do meu Pai do céu,
não perderei nem um fio de cabelo (7). Além disto, tudo coopera para o meu bem
(8). Por isso, pelo Espírito Santo, Ele também me garante a vida eterna (9) e
me torna disposto a viver para Ele, daqui em diante, de todo o coração (10).
(1) 1Co
3:23; Tt 2:14. (2) Rm 14:8; 1Ts 5:9,10. (3) 1Co 6:19,20. (4) 1Pe 1:18,19; 1Jo 1:7; 1Jo
2:2,12. (5) Jo 8:34-36; Hb 2:14,15; 1Jo 3:8. (6) Jo 6:39; Jo 10:27-30; 2Ts 3:3;
1Pe 1:5. (7) Mt 10:29,30; Lc 21:18. (8) Rm 8:28. (9) Rm 8:16;
2Co 1:22; 2Co 5:5; Ef 1:13,14. (10)
Rm 8:14; 1Jo 3:3.
2.
O que você deve saber para viver e morrer neste fundamento?
R.
Primeiro: como são grandes meus pecados e minha miséria (1). Segundo: como sou
salvo de meus pecados e de minha miséria (2). Terceiro: como devo ser grato a
Deus por tal salvação (3).
(1)
Mt 9:12; Jo 9:41; Rm 3:10; 1Jo 1:9,10. (2) Lc
24:46,47; Jo 17:3; At 4:12; At 10:43; 1Co 6:11; Tt 3:3-7. (3) Sl 50:14,15; Sl
116:12,13; Mt 5:16; Rm 6:12,13; Ef 5:10; 2Tm 2:15; 1Pe 2:9,12. Veja também Mt 11:28-30; Ef 5:8.
PARTE 1: NOSSA MISÉRIA
DOMINGO 2
3.
Como você conhece sua miséria?
R.
Pela lei de Deus (1).
(1)
Rm 3:20.
4.
O que a lei de Deus exige de nós?
R.
Isto Cristo nos ensina num resumo, em Mateus 22:37-40: "Amarás o Senhor
teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu
entendimento. " Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo,
semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois
mandamentos dependem toda a lei e os profetas" (1).
(1) Lv
19:18; Dt 6:5; Mc 12:30,31; Lc 10:27.
5.
Você pode observar esta lei perfeitamente?
R.
Não, não posso (1), porque por natureza sou inclinado a odiar a Deus e a meu
próximo (2).
(1)
Rm 3:10,20,23; 1Jo 1:8,10. (2) Gn 6:5; Gn 8:21; Jr 17:9; Rm 7:23; Rm 8:7; Ef 2:3;
Tt 3:3.
DOMINGO 3
6.
Mas Deus criou o homem tão mau e perverso?
R.
Não, Deus criou o homem bom (1) e à sua imagem (2) , isto é, em verdadeira
justiça e santidade, para conhecer corretamente a Deus seu Criador, amá-Lo de
todo o coração e viver com Ele em eterna felicidade, para louvá-Lo e
glorificá-Lo (3).
(1) Gn
1:31. (2) Gn 1:26,27. (3) 2Co 3:18; Ef 4:24; Cl 3:10.
7.
De onde vem, então, esta natureza corrompida do homem?
R.
Da queda e desobediência de nossos primeiros pais, Adão e Eva, no paraíso (1).
Ali, nossa natureza tornou-se tão envenenada, que todos nós somos concebidos e
nascidos em pecado (2).
(1) Gn 3;
Rm 5:12,18,19. (2) Sl 51:5; Jo 3:6.
8.
Mas nós somos tão corrompidos que não podemos fazer bem algum e que somos inclinados
a todo mal?
R.
Somos sim (l), se não nascermos de novo pelo Espírito de Deus (2).
(1) Gn
6:5; Gn 8:21; Jó 14:4; Jo 15:14,16,35; Is 53:6; Tt 3:3. (2) Jo 3:3,5; 1Co 12:3;
2Co 3:5.
DOMINGO 4
9.
Então, Deus exige do homem, em sua lei, o que este não pode cumprir. Isto não é
injusto?
R.
Não, pois Deus criou o homem de tal maneira que este pudesse cumprir a lei (1).
O homem, porém, sob instigação do diabo e por sua própria rebeldia, privou a si
mesmo e a todos os seus descendentes destes dons (2).
(1)
Gn 1:27; Ef 4:24. (2) Gn 3:4-6; Rm 5:12; 1Tm 2:13,14.
10.
Deus deixa sem castigo esta desobediência e rebeldia?
R.
Não, não deixa, porque Ele se ira terrivelmente tanto contra os pecados em que
nascemos como contra os que cometemos, e quer castigá-los por justo julgamento,
agora, nesta vida, e na futura (1). Ele mesmo declarou: "Maldito todo
aquele que não permanece em todas as coisas escritas no livro da lei, para
praticá-las" (Gálatas 3:10)(2).
(1)
Gn 2:17; Êx 20:5; Êx 34:7; Sl 5:5; Na 1:2; Rm 1:18; Rm 5:12; Ef 5:6; Hb 9:27.
(2) Dt 27:26.
11.
Mas Deus não é também misericordioso?
R.
Deus na verdade é misericordioso (1), mas também e justo (2). Por isso, sua
justiça exige que o pecado, cometido contra a suprema majestade de Deus, seja
castigado também com a pena máxima, quer dizer, com o castigo eterno em corpo e
alma (3).
(1)
Êx 20:6; Êx 34:6,7. (2) Êx 20:5; Êx 23:7; Êx 34:7; Sl 7:9. (3) Na 1:2,3; 2Ts
1:9.
PARTE 2: NOSSA SALVAÇÃO
DOMINGO 5
12.
Então, conforme o justo julgamento de Deus, merecemos castigo, nesta vida e na
futura. Como podemos escapar deste castigo e, de novo, ser aceitos por Deus em
graça?
R.
Deus quer que sua justiça seja cumprida (1). Por isso, nós mesmos devemos
satisfazer essa justiça, ou um outro por nós (2).
(1)
Gn 2:17; Êx 20:5; Êx 23:7; Ez 18:4; Hb 10:30. (2) Mt 5:26; Rm 8:3,4.
13.
Nós mesmos podemos satisfazer essa justiça?
R.
De maneira alguma. Pelo contrário, aumentamos, a cada dia, a nossa dívida com
Deus (1).
(1)
Jó 4:18,19; Jó 9:2,3; Jó 15:16; Sl 130:3; Mt 6:12; Mt 16:26; Mt 18:25.
14.
Será que uma criatura, sendo apenas criatura, pode pagar por nós?
R.
Não, não pode. Primeiro: porque Deus não quer castigar uma outra criatura pela
dívida do homem (1). Segundo: porque tal criatura não poderia suportar o peso
da ira eterna de Deus contra o pecado e dela livrar outros (2).
(1)
Gn 3:17; Ez 18:4. (2) Sl 130:3; Na 1:6.
15.
Que tipo de Mediador e Salvador, então, devemos buscar?
R.
O Mediador deve ser verdadeiro (1) homem e homem justo (2), contudo, mais poderoso
que todas as criaturas; portanto, alguém que é, ao mesmo tempo, verdadeiro Deus
(3).
(1) 1Co
15:21. (2) Hb 7:26. (3) Is 7:14; Is 9:6; Jr 23:6; Lc 11:22; Rm 8:3,4.
DOMINGO 6
16.
Por que o Mediador deve ser verdadeiro homem e homem justo?
R.
Deve ser verdadeiro homem, porque a justiça de Deus exige que o homem pague o pecado
do homem (1). Deve ser homem justo, porque alguém que tem seus próprios
pecados, não pode pagar por outros (2).
(1) Is
53:3-5; Jr 33:15; Ez 18:4,20; Rm 5:12-15; 1Co 15:21; Hb 2:14-16. (2) Sl 49:7;
Hb 7:26,27; 1Pe 3:18.
17.
Por que o Mediador deve ser, ao mesmo tempo, verdadeiro Deus?
R.
Porque, somente sendo verdadeiro Deus (1), Ele pode suportar (2) , como homem,
o peso da ira (3) de Deus, e conquistar e restituir, para nós, a justiça e a
vida (4).
(1) Is
9:6; Rm 1:4; Hb 1:3. (2) Is 53:4,11. (3)
Dt 4:24; Sl 130:3; Na 1:6. (4) Is 53:5,11; Is 54:8; Jo 3:16; At 20:28; 1Pe 3:18.
18.
Mas quem é esse Mediador que, ao mesmo tempo, é verdadeiro Deus (1) e
verdadeiro (2) homem e homem justo (3) ?
R.
Nosso Senhor Jesus Cristo (4), que nos foi dado para completa salvação e
justiça (5).
(1) Jr
23:6; Mt 3:1; Rm 8:3; Gl 4:4; 1Jo 5:20. (2) Lc 1:42; Lc 2:6,7; Rm 1:3; Fp 2:7;
Hb 2:14,17; Hb 4:15. (3) Is 53:9,11; Jr 23:5; Lc 1:35; Jo 8:46; Hb 4:15; Heb
7:26; 1Pe 1:19; 1Pe 2:22; 1Pe 3:18. (4) Mt 1:23; Lc 2:11; Jo 1:1,14; Jo 14:6;
Rm 9:5; 1Tm 2:5; 1Tm 3:16; Hb 2:9. (5) 1Co 1:30; 2Co 5:21.
19.
Como você sabe isto?
R.
Pelo santo Evangelho, que o próprio Deus, de início, revelou no paraíso (1).
Depois mandou anunciá-lo pelos santos patriarcas (2) e profetas (3) e, de
antemão, o representou através dos sacrifícios e das outras cerimônias do
Antigo Testamento. (4) Finalmente, o cumpriu por seu único Filho (5).
(1) Gn
3:15. (2) Gn 12:3; Gn 22:18; Gn 26:4; Gn 49:10. (3) Is 42:1-4; Is 43:25; Is
49:6; Is 53; Jr 23:5,6; Jr 31:32,33; Mq 7:18-20; Jo 5:46; At 3:22-24; At 10:43;
Rm 1:2; Hb 1:1. (4) Cl 2:17; Hb 10:1,7. (5) Rm 10:4; Gl 3:24; Gl 4:4,5; Cl
2:17.
DOMINGO 7
20.
Todos os homens, então, tornam-se salvos por Cristo, assim como pereceram em
Adão?
R.
Não (1), somente aqueles que pela verdadeira fé são unidos a Cristo e aceitam
todos os seus benefícios (2).
(1)
Mt 7:14; Mt 22:14. (2) Sl 2:12; Mc 16:16; Jo 1:12,13; Jo 3:16,18,36; Rm
3:22; Rm 11:20; Hb 4:2,3; Hb 5:9; Hb 10:39; Hb 11:6.
21.
O que é a verdadeira fé?
R.
A verdadeira fé é o conhecimento e a certeza de que é verdade tudo o que Deus
nos revelou em sua Palavra (1). É também a plena confiança (2) de que Deus
concedeu, por pura graça, não só a outros, mas também a mim, a remissão dos
pecados, a justiça eterna e a salvação (3), somente pelos méritos de Cristo
(4). O Espírito Santo (5) opera esta fé em meu coração, por meio do Evangelho
(6).
(1) Rm
4:20,21; Hb 11:1,3; Tg 1:6. (2) Sl 9:10; Rm 4:16-21; Rm 5:1; Rm 10:10; Ef 3:12;
Hb 4:16. (3) Hc 2:4; At 10:43; Rm 1:17; Gl 3:11; Hb 10:10,38. (4) Lc 1:77,78;
Jo 20:31; At 10:43; Rm 3:24; Rm 5:19; Gl 2:16. (5) Mt 16:17; Jo 3:5; Jo 6:29;
At 16:14; 2Co 4:13; Ef 2:8; Fp 1:29. (6) Mc 16:15; At 10:44; At 16:14; Rm 1:16;
Rm 10:17; 1Co 1:21.
22.
Em que um cristão deve crer?
R.
Em tudo o que nos é prometido no Evangelho. O Credo Apostólico, resumo de nossa
universal e indubitável fé cristã, nos ensina isto (1).
(1) Mt
28:19; Mc 1:15; Jo 20:31.
23.
O que dizem os artigos deste Credo?
R.
1) Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra; 2) e em Jesus
Cristo, seu único Filho, nosso Senhor; 3) que foi concebido pelo Espírito
Santo, nasceu da virgem Maria; 4) padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado,
morto e sepultado, desceu ao inferno; 5) no terceiro dia ressurgiu dos mortos;
6) subiu ao céu e esta sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso; 7) donde há
de vir a julgar os vivos e os mortos. 8) Creio no Espírito Santo; 9) na santa
igreja universal de Cristo, a comunhão dos santos; 10) na remissão dos pecados;
11) na ressurreição da carne 12) e na vida eterna.
DOMINGO 8
24.
Como se divide este Credo?
R.
Em três partes. A primeira trata de Deus Pai e da nossa criação. A segunda de
Deus Filho e da nossa salvação. A terceira de Deus Espírito Santo e da nossa
santificação.
25.
Por que você fala de três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo, visto que há um
só Deus (1)?
R.
Porque Deus se revelou, em sua Palavra, de tal maneira que estas três Pessoas
distintas são o único, verdadeiro e eterno Deus (2).
(1) Dt
6:4; Is 44:6; Is 45:5; 1Co 8:4,6; Ef 4:5,6. (2) Gn 1:2,3; Is 61:1; Mt 3:16,17;
Mt 28:19; Lc 1:5; Lc 4:18; Jo 14:26; Jo 15:26; At 2:32,33; 2Co 13:13; Gl 4:6;
Ef 2:18; Tt 3:4-6.
DEUS PAI E NOSSA CRIAÇÃO
DOMINGO 9
26.
Em que você crê quando diz: "Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, Criador do
céu e da terra"?
R.
Creio que o eterno Pai de nosso Senhor Jesus Cristo criou, do nada, o céu, a
terra e tudo o que neles há (1) e ainda os sustenta e governa por seu eterno
conselho e providência (2). Ele é também meu Deus e meu Pai, por causa de seu
Filho Cristo (3). NEle confio de tal maneira, que não duvido que dará tudo o
que for necessário para meu corpo e minha alma (4); e que Ele transformará em
bem todo mal que me enviar, nesta vida conturbada (5). Tudo isto Ele pode fazer
como Deus todo-poderoso (6) e quer fazer como Pai fiel (7).
(1) Gn
1:1; Gn 2:3; Êx 20:11; Jó 33:4; Jó 38:4-11; Sl 33:6; Is 40:26; At 4:24; At
14:15. (2) Sl 104:2-5,27-30; Sl 115:3; Mt 10:29,30; Rm 11:36; Ef 1:11. (3) Jo
1:12; Rm 8:15; Gl 4:5-7; Ef 1:5. (4) Sl 55:22; Mt 6:25,26; Lc 12:22-24. (5) Rm
8:28. (6) Rm 8:37-39; Rm 10:12; Ap 1:8. (7)
Mt 6:32,33; Mt 7:9-11.
DOMINGO 10
27.
O que é a providência de Deus?
R.
É a força Todo-Poderoso e presente (1), com que Deus, pela sua mão, sustenta e
governa o céu, a terra e todas as criaturas (2). Assim, ervas e plantas, chuva
e seca (3), anos frutíferos e infrutíferos, comida e bebida, saúde e doença,
riqueza e pobreza e todas as coisas (4) não nos sobrevêm por acaso, mas de sua
mão paternal (5).
(1) Sl
94:9,10; Is 29:15,16; Jr 23:23,24; Ez 8:12; Mt 17:27; At 17:25-28. (2) Hb 1:3.
(3) Jr 5:24; At 14:17. (4)
Pv 22:2; Jo 9:3. (5) Pv 16:33; Mt 10:29.
28.
Para que serve saber da criação e da providência de Deus?
R.
Para que tenhamos paciência(1) em toda adversidade e mostremos gratidão (2) em
toda prosperidade e para que, quanto ao futuro, tenhamos a firme confiança em
nosso fiel Deus e Pai, de que criatura alguma nos pode separar do amor dEle
(3). Porque todas as criaturas estão na mão de Deus, de tal maneira que sem a
vontade dEle não podem agir nem se mover (4).
(1) Jó
1:21,22; Sl 39:9; Rm 5:3,4; Tg 1:3. (2) Dt 8:10; 1Ts 5:18. (3) Sl 55:22; Rm 5:
4,5; Rm 8:38,39. (4) Jó 1:12; Jó 2:6; Pv 21:1; At 17:25-28.
DEUS FILHO E NOSSA SALVAÇÃO
DOMINGO 11
29.
O nome "Jesus" significa "Salvador". Por que o Filho de
Deus tem este nome?
R.
Porque Ele nos salva de todos os nossos pecados (1) e porque, em ninguém mais,
devemos buscar ou podemos encontrar salvação (2).
(1) Mt
1:21; Hb 7:25. (2) Is 43:11; Jo 15:4,5; At 4:11,12; 1Tm 2:5; 1Jo 5:11,12.
30.
Será que aqueles que buscam, o bem e a salvação nos assim chamados
"santos", ou em si mesmos ou em qualquer lugar, realmente crêem no
único Salvador?
R.
Não, não crêem, pois na prática negam o único Salvador Jesus, ainda que falem
tanto dEle (1). Pois das duas, uma: ou Jesus não é o perfeito Salvador, ou
aqueles que O aceitam como Salvador com verdadeira fé, encontram nEle tudo o
que é necessário para a salvação (2).
(1) 1Co
1:13,30,31; Gl 5:4. (2) Is 9:7; Jo 1:16; Cl 1:19,20; Cl 2:10; Hb 12:2; 1Jo 1:7.
DOMINGO 12
31.
O nome "Cristo" significa "Ungido". Por que Jesus tem
também este nome?
R.
Porque Ele foi ordenado por Deus Pai e ungido (1) com o Espírito Santo para ser
nosso supremo Profeta e Mestre, nosso único Sumo Sacerdote e nosso eterno Rei.
Como Profeta Ele nos revelou plenamente o plano de Deus para nossa salvaçao
(2); como Sumo Sacerdote Ele nos resgatou pelo único sacrifício de seu corpo
(3) e, continuamente, intercede por nós junto ao Pai (4); como Rei Ele nos
governa por sua Palavra e Espírito e nos protege e guarda na salvação (5) que
Ele conquistou para nós.
(1) Sl
45:7; Is 61:1; Lc 4:18; At 10:38; Hb 1:9. (2) Dt 18:15; Is 55:4; Mt 11:27; Jo
1:18; Jo 15:15; At 3:22. (3) Sl 110:4; Hb 7:21; Hb 9:12,14,28; Hb 10:12,14. (4)
Rm 8:34; Hb 7:25; Hb 9:24; 1Jo 2:1. (5) Sl 2:6; Zc 9:9; Mt 21:5; Mt 28:18; Lc
1:33; Jo 10:28; Ap 12:10,11.
32.
Por que você é chamado cristão (1)?
R.
Porque pela fé sou membro de Cristo e, por isso, também sou ungido (2) para ser
profeta, sacerdote e rei. Como profeta confesso o nome dEle (3); Como sacerdote
ofereço minha vida a Ele como sacrifício vivo de gratidão (4); e como rei
combato (5), nesta vida, o pecado e o diabo, de livre consciência, e depois, na
vida eterna, vou reinar com Ele sobre todas as criaturas (6).
(1) At
11:26. (2) Is 59:21; Jl 2:28; At 2:17; 1Co 6:15; 1Jo 2:27. (3) Mt 10:32,33; Rm
10:10. (4) Êx 19:6; Rm 12:1; 1Pe 2:5; Ap 1:6; Ap 5:8,10. (5) Rm 6:12,13; Gl
5:16,17; Ef 6:11; 1Tm 1:18,19; 1Pe 2:9,11. (6) 2Tm 2:12; Ap 22:5.
DOMINGO 13
33.
Por que Cristo é chamado "o único Filho de Deus", se nós também somos
filhos de Deus?
R.
Porque só Cristo é, por natureza, o Filho eterno de Deus (1). Nós, porém, somos
filhos adotivos de Deus (2), pela graça, por causa de Cristo.
(1)
Jó 1:14,18; Jo 3:16; Rm 8:32; Hb 1:1,2; 1Jo 4:9. (2) Jo 1:12; Rm 8:15-17; Gl
4:6; Ef 1:5,6
34.
Por que você chama Cristo "nosso Senhor"?
R.
Porque Ele nos comprou e resgatou, corpo e alma, dos nossos pecados e de todo o
domínio do diabo, não com ouro ou prata, mas com seu precioso sangue. Assim
pertencemos a Ele (1).
(1) Jo
20:28; 1Co 6:20; 1Co 7:23; Ef 1:7; 1Tm 2:6; 1Pe 1:18,19; 1Pe 2:9.
DOMINGO 14
35.
O que você entende, quando diz que Cristo "foi concebido pelo Espírito
Santo e nasceu da virgem Maria"?
R.
Entendo que o eterno Filho de Deus, que é e permanece verdadeiro e eterno Deus
(1), tornou-se verdadeiro homem (2), da carne e do sangue da virgem Maria (3),
por obra do Espírito Santo. Assim Ele é, de fato, o descendente de Davi (4)
igual a seus irmãos em tudo, mas sem pecado (5).
(1)
Mt 1:23; Mt 3:17; Mt 16:16; Mt 17:5; Mc 1:11; Jo 1:1 Jo 17:3,5; Jo 20:28; Rm
1:3,4; Rm 9:5; Fp 2:6; Cl 1:15,16; Tt 2:13; Hb 1:3; 1Jo 5:20. (2)
Mt 1:18,20; Lc 1:35. (3) Lc 1:31,42,43; Jo 1:14; Gl 4:4. (4) 2Sm 7:12; Sl
132:11; Mt 1:1; Lc 1:32; At 2:30,31; Rm 1:3. (5) Fp 2:7; Hb 2:14,17; Hb 4:15;
Hb 7:26,27.
36.
Que importância tem para você Cristo ter sido concebido e nascido sem pecado?
R.
Que Ele e nosso Mediador (1) e com sua inocência e perfeita santidade, cobre
diante de Deus meu pecado (2) no qual fui concebido e nascido.
(1) Hb
2:16-18; Hb 7:26,27. (2) Sl 32:1; Is 53:11; Rm 8:3,4; 1Co 1:30,31; Gl 4:4,5;
1Pe 1:18,19; 1Pe 3:18.
DOMINGO 15
37
O que você quer dizer com a palavra "padeceu"?
R.
Que Cristo, em corpo e alma, durante toda a sua vida na terra, mas
principalmente no final, suportou a ira de Deus contra os pecados de todo o
gênero humano (1). Por este sofrimento, como o único sacrifício propiciatório
(2), Ele salvou, da condenação eterna de Deus, nosso corpo e alma (3) e
conquistou para nós a graça de Deus, a justiça e a vida eterna (4).
(1) Is
53:4,12; 1Tm 2:6; 1Pe 2:24; 1Pe 3:18. (2) Is 53:10; Rm 3:25; 1Co 5:7; Ef 5:2;
Hb 9:28; Hb 10:14; 1Jo 2:2; 1Jo 4:10. (3) Gl 3:13; Cl 1:13; Hb 9:12; 1Pe
1:18,19. (4) Jo 3:16; Jo 6:51; 2Co 5:21; Hb 9:15; Hb 10:19.
38.
Por que Ele padeceu "sob Pôncio Pilatos"?
R.
Cristo, embora julgado inocente, foi condenado pelo juiz oficial (1), para que
nos libertasse do severo juízo de Deus que devia cair sobre nós (2).
(1)
Mt 27:24; Lc 23:13-15; Jo 18:38; Jo 19:4; Jo 19:11. (2) Is
53:4,5; 2Co 5:21; Gl 3:13.
39.
Cristo "foi crucificado". Isto tem mais sentido do que morrer de
outra maneira?
R.
Tem sim, porque pela crucificação tenho certeza de que Ele tomou sobre si (1) a
maldição que pesava sobre mim. Pois a morte da cruz era maldita por Deus (2).
(1)
Gl 3:13. (2) Dt 21:23.
DOMINGO 16
40.
Por que Cristo devia sofrer a morte?
R.
Porque a justiça e a verdade de Deus (1) exigiam a morte do Filho de Deus; não
houve outro meio de pagar nossos pecados (2).
(1) Gn
2:17. (2) Rm 8:3,4; Fp 2:8; Hb 2:9,14,15.
41.
Por que Ele foi "sepultado"?
R.
Para dar testemunho de que estava realmente morto (1).
(1) Mt
27:59,60; Lc 23:53; Jo 19:40-42; At 13:29; 1Co 15:3,4.
42.
Se Cristo morreu por nós, por que devemos nós morrer também?
R.
Nossa morte não é para pagar nossos pecados (1), mas somente significa que morremos
para o pecado e que passamos para a vida eterna (2).
(1) Mc
8:37. (2) Jo 5:24; Rm 7:24,25; Fp 1:23.
43.
Que importância tem, para nós, o sacrifício e a morte de Cristo na cruz?
R.
Pelo poder de Cristo, nosso velho homem é crucificado, morto e sepultado com Ele
(1), para que os maus desejos da carne não mais nos dominem (2), mas que nos
ofereçamos a Ele, como sacrifício de gratidão (3).
(1)
Rm 6:6. (2) Rm 6:8,11,12. (3) Rm 12:1.
44.
Por que se acrescenta: "desceu ao inferno"?
R.
Porque meu Senhor Jesus Cristo sofreu, principalmente na cruz inexprimíveis
angústias, dores e terrores (1). Por isso, até nas minhas mais duras tentações,
tenho a certeza de que Ele me libertou da angústia e do tormento do inferno
(2).
(1) Mt
26:38; Mt 27:46; Hb 5:7. (2)
Is 53:5.
DOMINGO 17
45.
Que importância tem, para nós, a ressurreição de Cristo?
R.
Primeiro: pela ressurreição, Ele venceu a morte, para que nós pudéssemos
participar da justiça, que Ele conquistou por sua morte (1). Segundo: nos
também, por seu poder, somos ressuscitados para a nova vida (2). Terceiro: a
ressurreição de Cristo é uma garantia de nossa ressurreição em glória (3).
(1) Rm
4:25; 1Co 15:16-18; 1Pe 1:3. (2) Rm 6:4; Cl 3:1-3; Ef 2:4-6; (3) Rm 8:11; 1Co
15:20-22.
DOMINGO 18
46.
O que você quer dizer com as palavras: "subiu ao céu"?
R.
Que Cristo, à vista de seus discípulos, foi elevado da terra ao céu(1) e lá
esta para nosso bem (2), até que volte para julgar os vivos e os mortos (3).
(1) Mt
16:19; Lc 24:51; At 1:9. (2) Rm 8:34; Ef 4:10; Cl 3:1; Hb 4:14; Hb 7:24,25; Hb
9:24. (3) Mt 24:30;
At 1:11.
47.
Cristo, então, não está conosco até o fim do mundo, como nos prometeu (1)?
R.
Cristo é verdadeiro homem e verdadeiro Deus. Segundo sua natureza humana não
está agora na terra (2), mas segundo sua divindade, majestade, graça e Espírito
jamais se afasta de nós (3).
(1) Mt
28:20. (2) Mt 26:11; Jo 16:28; Jo 17:11; At 3:21; Hb 8:4. (3) Mt 28:20; Jo 14:16-18; Jo
16:13; Ef 4:8.
48.
Mas se a natureza humana não está em todo lugar onde a natureza divina está, as
duas naturezas de Cristo não são separadas uma da outra?
R.
De maneira nenhuma; a natureza divina de Cristo não pode ser limitada e está
presente em todo lugar. Por isso, podemos concluir que a natureza divina dEle
está na sua natureza humana e permanece pessoalmente unida a ela, embora também
esteja fora dela (2).
(1) Is
66:1; Jr 23:23,24; At 7:49; At 17:27,28. (2)
Mt 28:6; Jo 3:13; Jo 11:15; Cl 2:8.
49.
Que importância tem, para nós, a ascensão de Cristo?
R.
Primeiro: Ele é, no céu, nosso Advogado junto a seu Pai (1). Segundo: em Cristo
temos nossa carne no céu, como garantia segura de que Ele, como nosso Cabeça,
também nos levará para si, como seus membros (2). Terceiro: Ele nos envia seu
Espírito, como garantia (3), pelo poder do Espírito buscamos as coisas que são
do alto, onde Cristo está sentado a direita de Deus, e não as coisas que são da
terra (4).
(1)
Rm 8:34; 1Jo 2:1. (2) Jo 14:2,3; Jo 17:24; Ef 2:6. (3) Jo
14:16; Jo 16:7; At 2:33; 2Co 1:22; 2Co 5:5. (4) Fp 3:20; Cl 3:1.
DOMINGO 19
50.
Por que se acrescenta: "e está sentado à direita de Deus"?
R.
Porque Cristo subiu ao céu para manifestar-se, lá mesmo, como o Cabeça de sua
igreja cristã (1) e para governar tudo em nome de seu Pai (2).
(1) Ef
1:20-23; Cl 1:18. (2) Mt 28:18; Jo 5:22.
51.
Que importância tem, para nós, essa glória de Cristo, nosso Cabeça?
R.
Primeiro: por seu Espírito Santo, Ele derrama sobre nós, seus membros, os dons
celestiais (1). Segundo: Ele nos defende e protege, por seu poder, contra todos
os inimigos (2).
(1) At
2:33; Ef 4:8,10-12. (2) Sl 2:9; Sl 110:1,2; Jo 10:28; Ef 4:8; Ap 12:5.
52.
Que consolo traz a você a volta de Cristo "para julgar os vivos e os
mortos"?
R.
Que, em toda miséria e perseguição, espero, de cabeça erguida, o Juiz que vem
do céu, a saber: o Cristo que antes se apresentou em meu lugar ao tribunal de
Deus e tirou de mim toda a maldição (1). Ele lançará, na condenação eterna,
todos os seus e meus inimigos (2), mas Ele me levará para si mesmo, com todos
os eleitos na alegria e glória celestiais (3).
(1) Lc
21:28; Rm 8:23,24; Fp 3:20; 1Ts 4:16; Tt 2:13. (2) Mt 25:41-43; 2Ts 1:6,8,9.
(3) Mt 25:34-36; 2Ts 1:7,10.
DEUS ESPÍRITO SANTO E NOSSA
SANTIFICAÇÃO
DOMINGO 20
53.
O que você crê sobre o Espírito Santo?
R.
Primeiro: creio que Ele é verdadeiro e eterno Deus com o Pai e o Filho (1). Segundo:
que Ele foi dado também a mim (2). Por uma verdadeira fé, Ele me torna
participante de Cristo e de todos os seus benefícios (3). Ele me fortalece (4)
e fica comigo para sempre (4).
(1) Gn
1:2; At 5:3,4; 1Co 2:10; 1Co 3:16; 1Co 6:19. (2) Mt 28:19; 2Co 1:21,22 Gl 3:14;
Gl 4:6; Ef 1:13. (3) Jo 16:14; 1Co 2:12; 1Pe 1:2. (4) Jo 15:26; At 9:31. (5) Jo 14:16,17; 1Pe 4:14.
DOMINGO 21
54.
O que você crê sobre "a santa igreja universal de Cristo"?
R.
Creio que o Filho de Deus (1) reúne, protege e conserva (2), dentre todo o
gênero humano (3), sua comunidade (4) eleita para a vida eterna (5). Isto Ele
fez por seu Espírito e sua Palavra (6), na unidade da verdadeira fé (7), desde
o princípio do mundo até o fim (8). Creio que sou membro vivo (9) dessa igreja,
agora e para sempre (10).
(1)
Jo 10:11; Ef 4:11-13; Ef 5:25,26. (2) Sl 129:4,5; Mt 16:18; Jo
10:16,28. (3) Gn 26:4; Is 49:6; Rm 10:12,13; Ap 5:9. (4) Sl 111:1; At 20:28; Hb
12:22,23. (5) Rm 8:29,30; Ef 1:10-14; 1Pe 2:9. (6) Is 59:21; Rm 1:16; Rm
10:14-17; Ef 5:26. (7) Jo 17:21; At 2:42; Ef 4:3-6; 1Tm 3:15. (8) Is 59:21;
1Cor 11:26 (9) Rm 8:10; 1Jo 3:14,19-21. (10) Sl 23:6; Jo 10:28; Rm 8:35-39; 1Co
1:8,9; 1Pe 1:5; 1Jo 2:19.
55.
Como você entende as palavras: "a comunhão dos santos"?
R.
Primeiro: entendo que todos os crentes, juntos e cada um por si, têm, como
membros, comunhão com Cristo, o Senhor, e todos os seus ricos dons (1). Segundo:
que todos devem sentir-se obrigados a usar seus dons com vontade e alegria para
o bem dos outros membros (2).
(1) Rm
8:32; 1Co 6:17; 1Co 12:12,13; 1Jo 1:3. (2) 1Co 12:21; 1Co 13:1-7; Fp 2:2-5.
56.
O que você crê sobre "a remissão dos pecados"?
R.
Creio que Deus, por causa da satisfação em Cristo, jamais quer lembrar-se de
meus pecados (1) e de minha natureza pecaminosa (2), que devo combater durante
toda a minha vida. Mas Ele me dá a justiça de Cristo (3), pela graça, e assim
nunca mais serei condenado por Deus (4).
(1) Sl
103:3,10,12; Jr 31:34; Mq 7:19; 2Co 5:19. (2) Rm 7:23-25. (3) 2Co 5:21; 1Jo
1:7; 1Jo 2:1,2. (4)
Jo 3:18; Jo 5:24.
DOMINGO 22
57.
Que consolo traz a você "a ressurreição da carne"?
R.
Meu consolo é que depois desta vida minha alma será imediatamente elevada para
Cristo, seu Cabeça (1). E que também esta minha carne, ressuscitada pelo poder
de Cristo, será unida novamente à minha alma e se tornará semelhante ao corpo
glorioso de Cristo (2).
(1) Lc
16:22; Lc 20:37,38; Lc 23:43; Fp 1:21,23; Ap 14:13. (2) Jó 19:25-27; 1Co 15:53,54; Fp
3:21; 1Jo 3:2.
58.
Que consolo traz a você o artigo sobre a vida eterna ?
R.
Meu consolo é que, como já percebo no meu coração o início da alegria eterna
(1), depois desta vida terei a salvação perfeita. Esta salvação nenhum olho
jamais viu, nenhum ouvido ouviu e jamais surgiu no coração de alguém. Então
louvarei a Deus eternamente (2).
(1) Jo 17
3; 2Co 5:2,3. (2) Jo 17:24; 1Co 2:9.
A JUSTIFICAÇÃO
DOMINGO 23
59.
Mas que proveito tem sua fé no Evangelho?
R.
O proveito é que sou justo perante Deus, em Cristo, e herdeiro da vida eterna
(1).
(1)
Hc 2:4; Jo 3:36; Rm 1:17.
60.
Como você é justo perante Deus?
R.
Somente por verdadeira fé em Jesus Cristo (1). Mesmo que minha consciência me
acuse de ter pecado gravemente contra todos os mandamentos de Deus, e de não
ter guardado nenhum deles, e de ser ainda inclinado a todo mal (2), todavia
Deus me dá, sem nenhum mérito meu, por pura graça (3), a perfeita satisfação, a
justiça e a santidade de Cristo (4). Deus me trata (5) como se eu nunca tivesse
cometido pecado algum ou jamais tivesse sido pecador; e, como se pessoalmente
eu tivesse cumprido toda a obediência que Cristo cumpriu por mim (6). Este
benefício é meu somente se eu o aceitar por fé, de todo o coração (7).
(1) Rm
3:21-26; Rm 5:1,2; Gl 2:16; Ef 2:8,9; Fp 3:9. (2) Rm 3:9; Rm 7:23. (3) Dt 9:6;
Ez 36:22; Rm 3:24; Rm 7:23-25; Ef 2:8; Tt 3:5. (4) 1Jo 2:1,2. (5) Rm 4:4-8; 2Co
5:19. (6) 2Co 5:21. (7) Jo 3:18; Rm 3:22.
61.
Por que você diz que é justo somente pela fé?
R.
Eu o digo não porque sou agradável a Deus graças ao valor da minha fé, mas
porque somente a satisfação por Cristo e a justiça e santidade dEle me
justificam perante Deus (1). Somente pela fé posso aceitar e possuir esta
justificação (2).
(1) 1Co
1:30; 1Co 2:2. (2) 1Jo 5:10.
DOMINGO 24
62.
Mas por que nossas boas obras não nos podem justificar perante Deus, pelo menos
em parte?
R.
Porque a justiça que pode subsistir perante o juízo de Deus deve ser
absolutamente perfeita e completamente conforme a lei de Deus (1). Entretanto,
nesta vida, todas as nossas obras, até as melhores, são imperfeitas e manchadas
por pecados (2).
(1) Dt
27:26; Gl 3:10. (2) Is 64:6.
63.
Nossas boas obras, então, não têm mérito? Deus não promete recompensá-las,
nesta vida e na futura?
R.
Essa recompensa não nos é dada por mérito, mas por graça (1).
(1)
Lc 17:10.
64.
Mas essa doutrina não faz com que os homens se tornem descuidosos e ímpios?
R.
Não, pois é impossível que aqueles que estão implantados em Cristo, por
verdadeira fé, deixem de produzir frutos de gratidão (1).
(1)
Mt 7:18; Jo 15:5.
A PALAVRA E OS SACRAMENTOS
DOMINGO 25
65.
Visto que somente a fé nos faz participar de Cristo e de todos os seus
benefícios, de onde vem esta fé?
R.
Vem do Espírito Santo (1) que a produz em nossos corações pela pregação do Evangelho
(2), e a fortalece pelo uso dos sacramentos (3).
(1) Jo
3:5; 1Co 2:12; 1Co 12:3; Ef 1:17, 18; Ef 2:8; Fp 1:29. (2) At 16:14; Rm 10:17;
1Pe 1:23. (3) Mt
28:19.
66.
Que são sacramentos?
R.
São visíveis e santos sinais e selos. Deus os instituiu para nos fazer
compreender melhor e para garantir a promessa do Evangelho, pelo uso deles. Essa
promessa é que Deus nos dá, de graça, o perdão dos pecados e a vida eterna, por
causa do único sacrifício de Cristo na cruz (1).
(1) Gn
17:11; Lv 6:25; Dt 30:6; Is 6:6,7; Is 54:9; Ez 20:12; Rm 4:11; Hb 9:7,9; Hb
9:24.
67.
Então, tanto a Palavra como os sacramentos têm a finalidade de apontar nossa fé
para o sacrifício de Jesus Cristo na cruz, como o único fundamento de nossa
salvação (1)?
R.
Sim, pois o Espírito Santo ensina no Evangelho e confirma pelos sacramentos que
toda a nossa salvação está baseada no único sacrifício de Cristo na cruz.
(1)
Rm 6:3; Gl 3:27.
68.
Quantos sacramentos Cristo instituiu na nova aliança?
R.
Dois: o santo batismo e a santa ceia.
O SANTO BATISMO
DOMINGO 26
69.
Como o batismo ensina e garante a você que o único sacrifício de Cristo na cruz
é para seu bem?
R.
Cristo instituiu essa lavagem com água (1) e acrescentou a promessa de lavar,
com seu sangue e Espírito, a impureza da minha alma (isto é, todos os meus
pecados) (2) tão certo como por fora fico limpo com a água que tira a sujeira
do corpo.
(1) Mt
28:19. (2) Mt 3:11; Mc 1:4; Mc 16:16; Lc 3:3; Jo 1:33; At 2:38; Rm 6:3,4; 1Pe
3:21.
70.
O que significa ser lavado com o sangue e o Espírito de Cristo?
R.
Significa receber perdão dos pecados, pela graça de Deus, por causa do sangue
de Cristo, que Ele derramou por nós, em seu sacrifício na cruz (1). Significa
também ser renovado pelo Espírito Santo e santificado para ser membro de
Cristo. Assim morremos mais e mais para o pecado e levamos uma vida santa e
irrepreensível (2).
(1) Ez
36:25; Zc 13:1; Hb 12:24; 1Pe 1:2; Ap 1:5; Ap 7:14. (2) Ez 36:26,27; Jo 1:33;
Jo 3:5; Rm 6:4; 1Co 6:11; 1Co 12:13; Cl 2:11,12.
71.
Onde Cristo prometeu lavar-nos com seu sangue e seu Espírito, tão certo como
somos lavados com a água do batismo?
R.
Na instituição do batismo, onde Ele diz: "Ide, portanto, fazei discípulos
de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo"
(Mateus 28:19). "Quem crer e for
batizado será salvo; quem, porem, não crer será condenado" (Marcos 16:16). Esta promessa se repete também onde a
Escritura chama o batismo de "lavagem da regeneração" (Tito 3:5) e de
"purificação dos pecados" (Atos 22:16).
DOMINGO 27
72.
Então, a própria água do batismo é a purificação dos pecados?
R.
Não (1), pois somente o sangue de Jesus Cristo e o Espírito Santo nos purificam
de todos os pecados (2).
(1) Mt
3:11; Ef 5:26; 1Pe 3:21. (2) 1Co 6:11; 1Jo 1:7.
73.
Por que, então, o Espírito Santo chama o batismo "lavagem da
regeneração" e "purificação dos pecados"?
R.
É por motivo muito sério que Deus fala assim. Ele nos quer ensinar que nossos
pecados são tirados pelo sangue e Espírito de Cristo assim como a sujeira do
corpo é tirada por água (1). E, ainda mais, Ele nos quer assegurar por este
divino sinal e garantia que somos lavados espiritualmente dos nossos pecados
tão realmente como nosso corpo fica limpo com água (2).
(1) 1Co
6:11; Ap 1:5; Ap 7:14. (2)
Mt 16:16; Gl 3:27.
74.
As crianças pequenas devem ser batizadas?
R.
Devem, sim, porque tanto as crianças como os adultos pertencem à aliança de
Deus e à sua igreja (1). Também a elas como aos adultos são prometidos, no
sangue de Cristo, a salvação do pecado e o Espírito Santo que produz a fé (2).
Por isso, as crianças, pelo batismo como sinal da aliança, devem ser incorporadas
à igreja cristã e distinguidas dos filhos dos incrédulos (3). Na época do
Antigo Testamento se fazia isto pela circuncisão (4). No Novo Testamento foi
instituído o batismo, no lugar da circuncisão (5).
(1) Gn
17:7. (2) Sl 22:10; Is 44:1-3; Mt 19:14; At 2:39. (3) At 10:47. (4) Gn 17:14.
(5) Cl 2:11,12.
A SANTA CEIA
DOMINGO 28
75.
Como a santa ceia ensina e garante que você tem parte no único sacrifício de
Cristo na cruz e em todos os seus benefícios?
R.
Da seguinte maneira: Cristo me mandou, assim como a todos os fiéis, comer do
pão partido e beber do cálice, em sua memória. E Ele acrescentou esta promessa:
Primeiro, que, por mim, seu corpo foi sacrificado na cruz e que, por mim, seu
sangue foi derramado, tão certo como vejo com meus olhos que o pão do Senhor é
partido para mim e o cálice me é dado. Segundo, que Ele mesmo alimenta e sacia
minha alma para a vida eterna com seu corpo crucificado e seu sangue derramado,
tão certo como recebo da mão do ministro e tomo com minha boca o pão e o cálice
do Senhor. Eles são sinais seguros do corpo e do sangue de Cristo (1).
(1) Mt
26:26-28; Mc 14:22-24; Lc 22:19,20; 1Co 10:16,17; 1Co 11:23-25.
76.
O que significa comer o corpo cruci ficado de Cristo e beber seu sangue
derramado?
R.
Significa aceitar com verdadeira fé todo o sofrimento e morte de Cristo e assim
receber o perdão dos pecados e a vida eterna (1). Significa também ser unido
cada vez mais ao santo corpo de Cristo (2), pelo Espírito Santo que habita
tanto nEle como em nós. Assim somos carne de sua carne e osso de seus ossos (3)
mesmo que Cristo esteja no céu (4) e nós na terra; e vivemos eternamente e
somos governados por um só Espírito, como os membros do nosso corpo o são por
uma só alma (5).
(1) Jo
6:35,40,47-54. (2) Jo 6:55,56. (3) Jo 14:23; 1Co 6:15,17,19; Ef 3:16,17; Ef
5:29,30; 1Jo 3:24; 1Jo 4:13. (4) At 1:9,11; At 3:21; 1Co 11:26; Cl 3:1. (5) Jo 6:57; Jo 15:1-6; Ef
4:15,16.
77.
Onde Cristo prometeu alimentar e saciar os fieis com seu corpo e seu sangue,
tão certo como eles comem do pão partido e bebem do cálice?
R.
Nas palavras da instituição da ceia, que são: "O Senhor Jesus, na noite em
que foi traído, tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o
meu corpo que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Por semelhante
modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a
nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em
memória de mim. Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o
cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha" (1Coríntios
11:23-2 (6). O apóstolo Paulo já se tinha referido a esta promessa, dizendo:
"Porventura o cálice da bênção que abençoamos, não é a comunhão do sangue
de Cristo? O pão que partimos, não é a comunhão do corpo de Cristo? Porque nós,
embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos
do único pão" (1Coríntios 10:16,1) (7).
(1) Mt
26:26-28; Mc 14:22-24; Lc 22-19,20.
DOMINGO 29
78.
Pão e vinho, então, se transformam no próprio corpo e sangue de Cristo?
R.
Não (1). Neste ponto há igualdade entre o batismo e a ceia. A água do batismo
não se transforma no sangue de Cristo, nem tira os pecados. Ela é somente um
sinal divino e uma garantia disto (2). Igualmente o pão da santa ceia não se
transforma no próprio corpo de Cristo (3), mesmo que seja chamado "corpo
de Cristo", conforme a natureza e o uso dos sacramentos (4).
(1) Mt
26:29. (2) Ef 5:26; Tt 3:5. (3) 1Co 10:16; 1Co 11:26. (4) Gn 17:10,11; Êx 12:
11,13; Êx 12:26,27; Êx 13:9; Êx 24:8; At 22:16; 1Co 10:1-4; 1Pe 3:21.
79.
Por que, então, Cristo chama o pão "seu corpo" e o cálice "seu
sangue" ou "a nova aliança em seu sangue", e por que Paulo fala
sobre "a comunhão do corpo e do sangue de Cristo"?
R.
É por motivo muito sério que Cristo fala assim. Ele nos quer ensinar que seu
corpo crucificado e seu sangue derramado são o verdadeiro alimento e bebida de
nossas almas para a vida eterna, assim como pão e vinho mantêm a vida
temporária (1). E, ainda mais, Ele nos quer assegurar por estes visíveis sinais
e garantias,primeiro: que participamos de seu corpo e sangue, pela obra do
Espírito Santo, tão realmente como recebemos com nossa própria boca estes
santos sinais, em memória dEle (2); e segundo: que todo o seu sofrimento e obediência
são nossos, tão certo, como se nós mesmos tivéssemos sofrido e pago por nossos
pecados.
(1)
Jo 6:51,53-55. (2) 1Co 10:16.
DOMINGO 30
80.
Que diferença há entre a ceia do Senhor e a missa do papa?
R.
A ceia do Senhor nos testemunha que temos completo perdão de todos os nossos
pecados, pelo único sacrifício de Jesus Cristo, que Ele mesmo, uma única vez,
realizou na cruz (1); e também que, pelo Espírito Santo, somos incorporados a
Cristo, que agora, com seu verdadeiro corpo, não está na terra mas no céu, à
direita do Pai (3) e lá quer ser adorado por nós (4). A missa, porem, ensina
que Cristo deve ser sacrificado todo dia, pelos sacerdotes na missa, em favor
dos vivos e dos mortos, e que estes, sem a missa, não tem perdão dos pecados
pelo sofrimento de Cristo; e também, que Cristo está corporalmente presente sob
a forma de pão e vinho e, por isso, neles deve ser adorado. A missa, então, no
fundo, não é outra coisa senão a negação do único sacrifício e sofrimento de
Cristo e uma idolatria abominável (5).
(1) Mt
26:28; Lc 22:19,20; Jo 19:30; Hb 7:26,27; Hb 9:12; Hb 9:25-28; Hb 10:10,12,14.
(2) 1Co 6:17; 1Co 10:16,17. (3) Jo 20:17; Cl 3:1; Hb 1:3; Hb 8:1,2. (4) At
7:55,56; Fp 3:20; Cl 3:1; 1Ts 1:10. (5)
Hb 9:26; Hb 10:12,14.
81.
Quem deve vir a santa ceia?
R.
Aqueles que se aborrecem de si mesmos por causa dos seus pecados, mas confiam
que estes lhes foram perdoados por amor de Cristo e que, também, as demais
fraquezas são cobertas por seu sofrimento e sua morte; e que desejam, cada vez
mais, fortalecer a fé e corrigir-se na vida. Mas os pecadores impenitentes e os
hipócritas comem e bebem para sua própria condenação (1).
(1)
1Co 10:19-22; 1Co 11:28,29.
82.
Podem vir a essa ceia também aqueles que, por sua confissão e vida, se mostram
incrédulos e ímpios?
R.
Não, porque assim é profanada a aliança de Deus e é provocada sua ira sobre
toda a congregação (1). Por isso, a igreja cristã tem a obrigação, conforme o
mandamento de Cristo e de seus apóstolos, de excluir tais pessoas, pelas chaves
do reino dos céus, até que demonstrem arrependimento.
(1) Sl
50:16; Is 1:11-15; Is 66:3; Jr 7:21-23; 1Co 11:20,34.
DOMINGO 31
83.
Que são as chaves do reino dos céus?
R.
A pregação do santo Evangelho e a disciplina cristã. É por estes dois meios que
o reino dos céus se abre para aqueles que crêem e se fecha para aqueles que não
crêem (1).
(1)
Mt 16:18,19; Mt 18:15-18.
84.
Como se abre e se fecha o reino dos céus pela pregação do santo Evangelho?
R.
Conforme o mandamento de Cristo, se proclama e testifica aos crentes, a todos
juntos e a cada um deles, que todos os seus pecados realmente lhes são
perdoados por Deus, pelo mérito de Cristo, sempre que aceitam a promessa do
Evangelho com verdadeira fé. Mas a todos os incrédulos e hipócritas se proclama
e testifica que a ira de Deus e a condenação permanecem sobre eles, enquanto
não se converterem (1). Segundo este testemunho do Evangelho Deus julgará
todos, nesta vida e na futura.
(1)
Mt 16:19; Jo 20:21-23.
85.
Como se fecha e se abre o reino dos céus pela disciplina cristã?
R.
Conforme o mandamento de Cristo, aqueles que, com o nome de cristãos, se comportam
na doutrina ou na vida como não-cristãos, são fraternalmente advertidos,
repetidas vezes. Se não querem abandonar seus erros ou maldades, são
denunciados à igreja e aos que, pela igreja, foram ordenados para este fim. Se
não dão atenção nem a admoestação destes, não são mais admitidos aos
sacramentos e, assim, excluídos da congregação de Cristo, e, pelo próprio Deus,
do reino de Cristo. Eles voltam a ser recebidos como membros de Cristo e da sua
igreja, quando realmente prometem e demonstram verdadeiro arrependimento (1).
(1) Mt
18:15-18; 1Co 5:3-5,11; 2Co 2:6-8; 2Ts 3:14,15; 1Tm 5:20; 2Jo :10,11.
PARTE 3: NOSSA GRATIDÃO
DOMINGO 32
86.
Visto que fomos libertados de nossa miséria, por Cristo, sem mérito algum de nossa
parte, somente pela graça, por que ainda devemos fazer boas obras?
R.
Primeiro: porque Cristo não somente nos comprou e libertou com seu sangue, mas
também nos renova, à sua imagem, por seu Espírito Santo, para que mostremos,
com toda a nossa vida, que somos gratos a Deus por seus benefícios (1), e para
que Ele seja louvado por nós (2). Segundo: para que, pelos frutos da fé,
tenhamos a certeza de que nossa fé é verdadeira (3) e para que ganhemos nosso
próximo para Cristo, pela vida cristã que levamos (4).
(1) Rm
6:13; Rm 12:1,2; 1Co 6:20; 1Pe 2:5,9. (2) Mt 5:16; 1Pe 2:12. (3) Mt 7:17,18; Gl
5:6,22; 2Pe 1:10. (4) Mt 5:16; Rm 14:18,19; 1Pe 3:1,2.
87.
Não podem ser salvos, então, aqueles que continuam vivendo sem Deus e sem
gratidão e não se convertem a Ele?
R.
De maneira alguma, porque a Escritura diz que nenhum impuro, idólatra,
adúltero, ladrão, avarento, bêbado, maldizente, assaltante ou semelhante
herdará o reino de Deus (1).
(1) 1Co
6:9,10; Ef 5:5,6; 1Jo 3:14,15.
DOMINGO 33
88.
Quantas partes há na verdadeira conversão do homem?
R.
Duas: a morte do velho homem e o nascimento do novo homem (1).
(1) Rm
6:4-6; 1Co 5:7; 2Co 7:10; Ef 4:22-24; Cl 3:5-10.
89.
O que é a morte do velho homem?
R.
É a profunda tristeza por causa dos pecados e a vontade de odiá-los e
evitá-los, cada vez mais (1).
(1)
Jl 2:13; Rm 8:13.
90.
O que é o nascimento do novo homem?
R.
É a alegria sincera em Deus, por Cristo (1), e o forte desejo de viver conforme
a vontade de Deus em todas as boas obras (2).
(1) Is
57:15; Rm 5:1,2; Rm 14:17. (2)
Rm 6:10,11; Gl 2:19,20.
91.
Que são boas obras?
R.
São somente aquelas que são feitas com verdadeira fé (1) conforme a lei de Deus
(2) e para sua glória (5); não são aquelas que se baseiam em nossa própria
opinião ou em tradições humanas (4).
(1) Rm
14:23. (2) Lv 18:4; 1Sm 15:22; Ef 2:10. (3) 1Co 10:31. (4) Is 29:13,14; Ez
20:18,19; Mt 15:7-9.
OS DEZ MANDAMENTOS
DOMINGO 34
92.
Que diz a lei do SENHOR?
R.
Deus falou todas estas palavras (Êxodo 20:1-17; Deuteronômio 5:6-2 (1):
"Eu sou o SENHOR teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da
servidão."
Primeiro
mandamento: "Não terás outros deuses diante de mim."
Segundo
mandamento: "Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma
do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da
terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o SENHOR teu Deus,
Deus zeloso, que visito
a
iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me
aborrecem, e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam
os meus mandamentos. "
Terceiro
mandamento: "Não tomarás o nome do SENHOR teu Deus em vão, porque o SENHOR
não terá por inocente o que tomar seu nome em vão. "
Quarto
mandamento: "Lembra-te do dia de descanso, para o santificar. Seis dias
trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR teu
Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o
teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas
para dentro; porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo o
que neles há, e ao sétimo dia descansou: por isso o SENHOR abençoou o dia de
sábado, e o santificou. "
Quinto
mandamento: "Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus
dias na
terra
que o SENHOR teu Deus te dá. "
Sexto
mandamento: "Não matarás. "
Sétimo
mandamento: "Não adulterarás. "
Oitavo
mandamento: "Não furtarás. "
Nono
mandamento: "Não dirás falso testemunho contra o teu próximo. "
Décimo
mandamento: "Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher
do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu
jumento, nem coisa alguma que pertença ao teu próximo".
93.
Como se dividem estes Dez Mandamentos?
R.
Em duas partes (1). A primeira nos ensina, em quatro mandamentos, como devemos
viver diante de Deus; a segunda nos ensina, em seis mandamentos, as nossas
obrigações para com nosso próximo (2).
(1) Êx
31:18; Dt 4:13; Dt 10:3,4. (2)
Mt 22:37-40.
94.
O que Deus ordena no primeiro mandamento?
R.
Primeiro: para não perder minha salvação, devo evitar e fugir de toda idolatria
(1) , feitiçaria, adivinhação e superstição (2). Também não posso invocar os
santos ou outras criaturas (3). Segundo: devo reconhecer devidamente o único e
verdadeiro Deus (4) , confiar somente nEle (5) , me submeter somente a Ele (6)
com toda humildade (7) e paciência. Devo amar (8), temer (9) e honrar (10) a
Deus de todo o coração, e esperar todo o bem somente dEle (1). Em resumo, devo
renunciar a todas as criaturas e não fazer a menor coisa contra a vontade de
Deus (2).
(1) 1Co
6:10; 1Co 10:7,14; 1Jo 5:21. (2) Lv 19:31; Dt 18:9-12. (3) Mt 4:10; Ap 19:10;
Ap 22:8,9. (4) Jo 17:3. (5) Jr 17:5,7. (6) Rm 5:3-5; 1Co 10:10; Fp 2:14; Cl
1:11; Hb 10:36. (7) 1Pe 5:5. (8) Dt 6:5; Mt 22:37,38. (9) Dt 6:2; Sl 111:10; Pv
1:7; Pv 9:10; Mt 10:28. (10) Dt 10:20; Mt 4:10. 1 (1) Sl 104:27-30; Is 45:7; Tg
1:17. 1 (2) Mt 5:29,30; Mt 10:37-39; At 5:29.
95.
Que é idolatria?
R.
Idolatria é inventar ou ter alguma coisa em que se deposite confiança, em lugar
ou ao lado do único e verdadeiro Deus, que se revelou em sua Palavra (1).
(1) 1Cr
16:26; Is 44:16,17; Jo 5:23; Gl 4:8; Ef 2:12; Ef 5:5; Fp 3:19; 1Jo 2:23; 2Jo
:9.
DOMINGO 35
96.
O que Deus exige no segundo mandamento?
R.
Não podemos, de maneira alguma, representar Deus por imagem ou figura (1). Devemos
adorá-Lo somente da maneira que Ele ordenou em sua palavra (2).
(1) Dt
4:15,16; Is 40:18,19,25; At 17:29; Rm 1:23-25. (2) Dt 12:30-32; lSm 15:23; Mt
15:9.
97.
Não se pode fazer imagem alguma?
R.
Não se pode nem deve fazer nenhuma imagem de Deus. As criaturas podem ser representadas,
mas Deus nos proíbe fazer ou ter imagens delas para adorá-las ou para servir a
Deus por meio delas (1).
(1) Êx
34:13,14,17; Dt 12:3,4; Dt 16:22; 2Rs 18:4 Is 40:25.
98.
Mas não podem ser toleradas as imagens nas igrejas como ‘livros para
ignorantes’?
R.
Não, porque não devemos ser mais sábios do que Deus. Ele não quer ensinar a seu
povo por meio de ídolos mudos (1), mas pela pregação viva de sua Palavra (2).
(1) Jr
10:5,8; Hc 2:18,19. (2) Rm 10:14-17; 2Tm 3:16,17; 2Pe 1:19.
DOMINGO 36
99.
O que Deus exige no terceiro mandamento?
R.
Não devemos blasfemar ou profanar o santo nome de Deus por maldições (1) ou juramentos
falsos (2) nem por juramentos desnecessários (3). Também não devemos tomar
parte em pecados tão horríveis, ficando calados quando os ouvimos (4). Em
resumo, devemos usar o santo nome de Deus somente com temor e reverencia (5) a
fim de que Ele, por nós, seja devidamente confessado (6), invocado (7) e
glorificado por todas as nossas palavras e obras (8).
(1) Lv
24:15,16. (2) Lv 19:12. (3) Mt 5:37; Tg 5:12. (4) Lv 5:1; Pv 29:24. (5) Is
45:23; Jr 4:2. (6) Mt 10:32; Rm 10:9,10. (7) Sl 50:15; 1Tm 2:8. (8) Rm 2:24; Cl
3:17; lTm 6:1.
100.
Será que blasfemar o nome de Deus por juramentos e maldições é um pecado tão
grande, que Deus se ira também contra aqueles que não se esforçam para impedir
e proibir tal coisa?
R.
Claro que sim, pois não há pecado maior ou que mais provoque a ira de Deus do
que blasfemar seu nome. Por isso, Ele mandava castigar este pecado com a pena
da morte (1).
(1)
Lv 24:16; Ef 5:11.
DOMINGO 37
101.
Mas não podemos nós, de modo piedoso, fazer juramento em nome de Deus?
R.
Podemos sim, quando as autoridades o exigirem ou quando for preciso, para
manter e promover a fidelidade e a verdade, para a glória de Deus e o bem-estar
do próximo. Por tal juramento está baseado na Palavra de Deus (1) e era
praticado, com razão, pelos santos do Antigo e Novo Testamento (2).
(1) Dt
6:13; Dt 10:20; Hb 6:16. (2) Gn 21:24; Gn 31:53; 1Sm 24:22,23; 2Sm 3:35; 1Rs
1:29,30; Rm 1:9; Rm 9:1; 2Co 1:23.
102.
Podemos jurar também pelos santos ou por outras criaturas?
R.
Não, porque o juramento legítimo é uma invocação a Deus, para que Ele, o único
que conhece os corações, testemunhe a verdade e nos castigue, se jurarmos
falsamente.(1) Tal honra não pertence a criatura alguma (2).
(1)
Rm 9:1; 2Co 1:23. (2) Mt 5:34-36; Tg 5:12.
DOMINGO 38
103.
O que Deus ordena no quarto mandamento?
R.
Primeiro: o ministério do Evangelho e as escolas cristãs devem ser mantidos
(1), e eu devo reunir-me fielmente com o povo de Deus, especialmente no dia de
descanso (2), para conhecer a palavra de Deus (3), para participar dos
sacramentos (4), para invocar publicamente ao Senhor Deus (5) e para praticar a
caridade cristã para com os necessitados (6). Segundo: eu devo, todos os dias
da minha vida, desistir das más obras, deixando o Senhor operar em mim, por seu
Espírito. Assim começo nesta vida o descanso eterno (7).
(1) 1Co
9:13,14; 1Tm 3:15; 2Tm 2:2; 2Tm 3:14,15; Tt 1:5. (2) Lv 23:3; Sl 40:9,10; Sl
122:1; At 2:42,46. (3) 1Co 14:1,3; lTm 4:13; Ap 1:3. (4) At 20:7; 1Co 11:33.
(5) 1Co 14:16; 1Tm 2:1-4. (6) Dt 15:11; 1Co 16:1,2; 1Tm 5:16. (7) Hb 4:9,10.
DOMINGO 39
104.
O que Deus exige no quinto mandamento?
R.
Devo prestar toda honra, amor e fidelidade a meu pai e a minha mãe e a todos os
meus superiores; devo submeter-me à sua boa instrução e disciplina com a devida
obediência (1), e também ter paciência com seus defeitos (2) ; porque Deus nos
quer governar pelas mãos deles (3).
(1)
Êx 21:17; Pv 1:8; Pv 4:1; Pv 15:20; Pv 20:20; Rm 13:1; Ef 5:22; Ef 6:1,2,5; Cl
3:18,20,22. (2) Pv 23:22; 1Pe 2:18. (3) Mt 22:21; Rm 13:2,4; Ef
6:4; Cl 3:20.
DOMINGO 40
105.
O que Deus exige no sexto mandamento?
R.
Eu não devo desonrar, odiar, ofender ou matar meu proximo (1), por mim mesmo ou
através de outros. Isto não posso fazer, nem por pensamentos, palavras, ou
gestos e muito menos por atos. Mas devo abandonar todo desejo de vingança (2),
não fazer mal a mim mesmo ou, de propósito, colocar-me em perigo (3). Por isso
as autoridades dispõem das armas para impedir homicídios (4).
(1) Gn
9:6; Mt 5:21,22; Mt 26:52. (2) Mt 5:25; Mt 18:35; Rm 12:19; Ef 4:26. (3) Mt
4:7; Cl 2:23. (4) Gn 9:6; Êx 21:14; Rm 13:4.
106.
Este mandamento trata somente de matar?
R.
Não, proibindo o homicídio, Deus nos ensina que Ele detesta a raiz do
homicídio, a saber: a inveja (1), o ódio (2), a ira (3) e o desejo de vingança.
Ele considera tudo isto homicídio (4).
(1) Sl
37:8; Pv 14:30; Rm 1:29. (2) 1Jo 2:9-11. (3) Tg 1:20; Gl 5:19-21. (4) 1Jo 3:15.
107.
Mas é suficiente não matar nosso próximo?
R.
Não, porque Deus, condenando a inveja, o ódio e a ira, manda que amemos nosso
próximo como a nós mesmos (1) e mostremos paciência, paz, mansidão,
misericórdia e gentileza para com ele (2). Devemos evitar seu prejuízo, tanto
quanto possível (3), e fazer bem até aos nossos inimigos (4).
(1) Mt
7:12; Mt 22:39; Rm 12:10. (2) Mt 5:5,7; Lc 6:36; Rm 12:18; Gl 6;1,2; Ef 4:1-3;
Cl 3:12; 1Pe 3:8. (3) Êx 23:5. (4) Mt 5:44,45; Rm 12:20,21.
DOMINGO 41
108.
O que o sétimo mandamento nos ensina?
R.
Toda impureza sexual é amaldiçoada por Deus (1). Por isso, devemos detestá-la
profundamente e viver de maneira pura e disciplinada (2) , sejamos casados ou solteiros
(3).
(1) Lv
18:27-29. (2) 1Ts 4:3-5. (3) Ml 2:16; Mt 19:9; 1Co 7:10,11; Hb 13:4.
109.
Mas Deus, neste mandamento, proíbe somente adultério e outros pecados vergonhosos?
R.
Não, pois como nosso corpo e nossa alma são o templo do Espírito Santo, Deus
quer que os conservemos puros e santos (1). Por isso, Ele proíbe todos os atos,
gestos, palavras (2), pensamentos e desejos (3) impuros e tudo o que possa
atrair o homem para tais pecados (4).
(1) 1Co
6:18-20. (2) Dt 22:20-29; Ef 5:3,4. (3) Mt 5:27,28. (4) 1Co 15:33; Ef 5:18.
DOMINGO 42
110.
O que Deus proíbe no oitavo mandamento?
R.
Deus não somente proíbe o furto (1) e o roubo (2) que as autoridades castigam,
mas também classifica como roubo todos os maus propósitos e as práticas
maliciosas, através dos quais tentamos nos apropriar dos bens do próximo (3) ,
seja por força, seja por aparência de direito, a saber: falsificação de peso,
de medida, de mercadoria e de moeda (4) , seja por juros exorbitantes ou por
qualquer outro meio, proibido por Deus (5). Também proíbe toda avareza (6) bem
como todo abuso e desperdício de suas dádivas (7).
(1) 1Co
6:10. (2) Lv 19:13. (3) Lc 3:14; 1Co 5:10. (4) Dt 25:13-15; Pv 11:1; Pv 16:11;
Ez 45:9-12. (5) Sl 15:5; Lc 6:35. (6) 1Co 6:10. (7) Pv 21:20; Pv 23:20,21.
111.
Mas o que Deus ordena neste mandamento?
R.
Devo promover tanto quanto possível, o bem do meu próximo e tratá-lo como quero
que outros me tratem (1). Além disto, devo fazer fielmente meu trabalho para
que possa ajudar ao necessitado (2).
(1)
Mt 7:12. (2) Ef 4:28.
DOMINGO 43
112.
O que Deus exige no nono mandamento?
R.
Jamais posso dar falso testemunho contra meu próximo (1), nem torcer suas
palavras (2) ou ser mexeriqueiro ou caluniador (3). Também não posso ajudar a
condenar alguém levianamente, sem o ter ouvido (4). Mas devo evitar toda
mentira e engano, obras próprias do diabo (5), para Deus não ficar aborrecido
comigo (6). Em julgamentos e em qualquer outra ocasião, devo amar a verdade,
falar a verdade e confessá-la francamente (7). Também devo defender e promover,
tanto quanto puder, a honra e a boa reputação de meu próximo (8).
(1) Pv
19:5,9; Pv 21:28. (2) Sl 50:19,20. (3) Sl 15:3; Rm 1:30. (4) Mt 7:1,2; Lc 6:37.
(5) Jo 8:44. (6) Pv 12:22. (7) 1Co 13:6; Ef 4:25. (8) 1Pe 4:8.
DOMINGO 44
113.
O que Deus exige no décimo mandamento?
R.
Jamais pode surgir em nosso coração o menor desejo ou pensamento contra
qualquer
mandamento
de Deus. Pelo contrário, devemos sempre, de todo o coração odiar todos os
pecados e amar toda justiça (1).
(1)
Rm 7:7.
114.
Mas aqueles que se converteram a Deus, podem guardar perfeitamente estes mandamentos?
R.
Não, não podem, porque nesta vida até os mais santos deles apenas começam a guardar
os mandamentos (1). Entretanto, começam, com sério propósito, a viver não
somente conforme alguns, mas conforme todos os mandamentos de Deus (2).
(1) Ec
7:20; Rm 7:14,15; 1Co 13:9; 1Jo 1:8,10. (2)
Sl 1:2; Rm 7:22; 1Jo 2:3.
115.
Para que, então, manda Deus pregar os Dez Mandamentos tão rigorosamente, já que
ninguém pode guardá-los nesta vida?
R.
Primeiro: para que, durante toda a vida, conheçamos cada vez melhor nossa
natureza pecaminosa (1) e, por isso, ainda mais desejemos buscar, em Cristo, o
perdão dos pecados e a justiça (2). Segundo: para que sempre sejamos zelosos e
oremos a Deus pela graça do Espírito Santo, a fim de que sejamos cada vez mais
renovados segundo a imagem de Deus até que, depois desta vida, alcancemos o
objetivo, a saber: a perfeição (3).
(1)
Sl 32:5; Rm 3:20; 1Jo 1:9. (2) Mt 5:6; Rm 7:24,25. (3) 1Co 9:24; Fp 3:12-14.
A ORAÇÃO
DOMINGO 45
116.
Por que a oração e necessária aos cristãos?
R.
Porque a oração é a parte principal da gratidão, que Deus requer de nós (1).
Além disto, Deus quer conceder sua graça e seu Espírito Santo somente aos que
continuamente Lhe pedem e agradecem, de todo o coração (2).
(1) Sl
50:14,15. (2) Mt 7:7,8; Lc 11:9,10; 1Ts 5:17,18.
117.
Como devemos orar, para que a oração seja agradável a Deus e Ele nos ouça?
R.
Primeiro: devemos invocar, de todo o coração (1), o único e verdadeiro Deus,
que se revelou a nós em sua palavra (2), e orar por tudo o que Ele nos ordenou
pedir (3). Segundo: devemos muito bem conhecer nossa necessidade e miséria (4),
a fim de nos humilharmos perante sua majestade (5). Terceiro: devemos ter a
plena certeza (6) de que Deus, apesar de nossa indignidade, quer atender à
nossa oração (7), por causa de Cristo, como Ele prometeu em sua Palavra (8).
(1) Sl
145:18-20; Tg 4:3,8. (2) Jo 4:22-24; Ap 19:10. (3) Rm 8:26; Tg 1:5; 1Jo 5:14.
(4) 2Cr 20:12; Sl 143:2. (5) Sl 2:11; Sl 51:17; Is 66:2. (6) Rm 8:15,16; Rm
10:14; Tg 1:6-8. (7)
Dn 9:17-19; Jo 14:13,14; Jo 15:16; Jo 16:23. (8) Sl
27:8; Sl 143:1; Mt 7:8.
118.
O que Deus ordenou pedir a Ele?
R.
Tudo o que é necessário ao nosso corpo e a nossa alma (1), como Cristo, o
Senhor, o resumiu na oração que Ele mesmo nos ensinou.
(1)
Mt 6:33; Tg 1:17.
119.
Que diz esta oração?
R.
"Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;venha o teu
reino,faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu;o pão nosso de cada dia
dá-nos hoje;e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos
nossos devedores;e não nos deixes cair em tentação, mas livra nos do mal; pois
teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém" (Mateus 6:9-13; Lucas
11:2-4).
DOMINGO 46
120.
Por que Cristo nos ordenou dizer a Deus "Pai nosso"?
R.
Porque Cristo quer despertar em nós, logo no início como base da oração,
respeito e confiança, como uma criança para com Deus. Pois Deus se tornou nosso
Pai, por Cristo. E muito menos do que nossos pais nos recusam bens materiais,
Ele nos recusará o que Lhe pedirmos com verdadeira fé (1).
(1)
Mt 7:9-11; Lc 11:11-13
121.
Por que se acrescenta: "que estás nos céus"?
R.
Porque assim Cristo nos ensina a não ter idéia terrena da majestade celestial
de Deus (1) e a esperar, da onipotência dEle, tudo o que é necessário ao nosso
corpo e a nossa alma (2).
(1) Jr
23:23,24; At 17:24-27. (2) Rm 10:12.
DOMINGO 47
P.
122. Qual e a primeira petição?
R.
"Santificado seja o teu nome". Quer dizer: Faze primeiro, com que Te
conheçamos em verdade (1) e Te santifiquemos, honremos e glorifiquemos em todas
as tuas obras (2) , em que brilham tua onipotência, sabedoria, bondade,
justiça, misericórdia e verdade. Faze, também, com que dirijamos toda a nossa
vida - nossos pensamentos, palavras e obras - de tal maneira que teu nome não
seja blasfemado por nossa causa, mas honrado e glorificado (3).
(1) Sl
119:105; Jr 9:24; Jr 31:33,34, Mt 16:17; Jo 17:3; Tg 1:5. (2) Êx 34:6,7; Sl
119:137,138; Sl 145:8,9; Jr 31:3; Jr 32:18,19; Mt 19:17; Lc 1:46-55; Lc
1:68,69; Rm 3:3,4; Rm 11:22,23; Rm 11:33. (3) Sl 71:8; Sl 115:1; Mt 5:16.
DOMINGO 48
123.
Qual é a segunda petição?
R.
"Venha o teu reino". Quer dizer: Governa-nos por tua palavra e por
teu Espírito, de tal maneira que, cada vez mais, nos submetamos a Ti (1);
conserve e aumenta tua igreja (2) ;destrói as obras do diabo, e todo poder que
se levanta contra Ti, e todos os maus planos que são inventados contra tua
santa Palavra (3); até que venha a plenitude de teu reino (4), em que Tu serás
tudo em todos (5).
(1) Sl
119:5; Sl 143:10; Mt 6:33. (2) Sl 51:18; Sl 122:6,7. (3) Rm 16:20; 1Jo 3:8. (4)
Rm 8:22,23; Ap 22:17,20. (5)
1Co 15:28.
DOMINGO 49
124.
Qual é a terceira petição?
R.
"Faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu". Quer dizer: Faze
com que nós e todos os homens renunciemos à nossa própria vontade (1) e
obedeçamos, sem protestos, à tua vontade (2), a única que é boa, para que cada
um, assim, cumpra sua tarefa e vocação (3), tão pronta e fielmente como os
anjos no céu (4).
(1) Mt
16:24; Tt 2:11,12. (2) Lc 22:42; Rm 12:2; Ef 5:10. (3) 1Co 7:22-24. (4) Sl
103:20,21.
DOMINGO 50
125.
Qual é a quarta petição?
R.
"O pão nosso de cada dia dá-nos hoje". Quer dizer: Cuida de nós com
tudo o que for necessário ao nosso corpo (1), para que reconheçamos que Tu és a
única fonte de todo o bem (2) e que, sem tua bênção, nem nosso cuidado e
trabalho, nem teus dons nos são úteis (3). Faze também com que, por isso, não
mais depositemos nossa confiança em qualquer criatura, mas somente em Ti (4).
(1) Sl
104:27,28; Sl 145:15,16; Mt 6:25,26. (2) At 14:17; At 17:27,28; Tg 1:17. (3) Dt
8:3; Sl 37:3-7,16,17; Sl 127:1,2; 1Co 15:58. (4) Sl 55:22; Sl 62:10; Sl 146:3;
Jr 17:5,7.
DOMINGO 51
126.
Qual é a quinta petição?
R.
"E perdoa-nos as nossas dividas, assim como nós temos perdoado aos nossos
devedores". Quer dizer: Por causa do sangue de Cristo, não cobres de nós,
miseráveis pecadores que somos, nossas transgressões nem o mal que ainda há em
nós (1) , assim como tua graça em nós fez com que tenhamos o firme propósito de
perdoar nosso próximo, de todo o coração (2).
(1) Sl
51:1; Sl 143:2; Rm 8:1; 1Jo 2:1. (2) Mt 6:14,15.
DOMINGO 52
127.
Qual é a sexta petição?
R.
"E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal". Quer dizer: Somos tão fracos que, por nós
mesmos, não podemos subsistir por um só momento (1); além disto, nossos
inimigos declarados: o diabo (2), o mundo (3) e nossa própria carne (4) nos
tentam continuamente. Por isso, Te pedimos: sustenta-nos e fortalece-nos, pelo
poder de teu Espírito Santo, a fim de que neste combate espiritual não sejamos
derrotados (5), mas possamos fortemente resistir, até que finalmente alcancemos
a vitória total (6).
(1)
Sl 103:14-16; Jo 15:5. (2) Ef 6:12; 1Pe 5:8. (3) Jo 15:19. (4) Rm 7:23; Gl
5:17. (5) Mt 26:41; Mc 13:33; 1Co 10:12,13. (6) 1Ts 3:13; 1Ts 5:23.
128.
Como você termina sua oração?
R.
"Pois teu é o reino, o poder e a glória, para sempre". Quer dizer:
Tudo isso Te pedimos, porque Tu queres e podes dar-nos todo o bem, pois és
nosso Rei e tudo está em teu poder (1). Pedimos-Te isso também, para que não o
nosso, mas teu santo nome seja eternamente glorificado (2).
(1) 1Cr
29:10-12; Rm 10:11-13; 2Pe 2:9. (2) Sl 115:1; Jr 33:8,9; Jo 14:13.
129.
O que significa a palavra: "amém"?
R.
Amém quer dizer: é verdadeiro e certo. Pois Deus atende à minha oração com
muito mais certeza do que o desejo que eu sinto, no coração, de ser ouvido por
Ele (1).
(1)
2Co 1:20; 2Tm 2:13.
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