Guilhermino Cunha
O início do século I da era
cristã foi um desafio e um prejuízo para as religiões pagãs do Império Romano.
Um movimento oposto às crendices e às formas de religiões arcaicas e
infrutíferas começou a desenvolver-se no seio de uma pequena comunidade. A
história nos empolga, pois é contada em termos dramáticos e desafiantes. Esse
movimento, cujo surgimento e desenvolvimento está narrado no livro de Atos dos
Apóstolos, foi fruto do mover do Espírito Santo através e nos discípulos de
Jesus Cristo. E até a nossa época, este Espírito continua a mover-se no mundo.
Em nossos dias, há uma crescente
preocupação com as manifestações do Espírito Santo. Há, até, um movimento
carismático no mundo cristão. No ambiente evangélico, percebe-se, não raro,
indagações sobre batismo com ou no Espírito Santo. Outros questionam: o que
acontece com uma pessoa que recebe o Espírito Santo? Só é verdadeiro crente
quem fala em outras línguas? Pode ou deve o crente pedir o Espírito Santo? São
algumas das diversas formas que explicitam preocupação com os dons do Espírito
Santo, sem levar em conta toda a história da redenção e a realidade de que o
Espírito Santo é Deus, assim como o Pai e o Filho.
O Espírito Santo, como a realidade
de Deus, é essencialmente poder. Ele não é apenas uma força. Deus é
todo-poderoso, onipotente e, na sua grandeza incomensurável, subsistem três
pessoas de uma mesma substância: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.
Devemos entender claramente a triunidade
de Deus: nós cremos em Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.
Quem tem o Pai, tem o Filho — e
só podemos tê-los e recebê-los mediante a ação eficaz, poderosa e irresistível
do Espírito Santo em nós. Está claro que os crentes têm o Espírito Santo, pois
enquanto são membros da Igreja, do Corpo de Cristo, a qual é habitada por esse
Espírito.
O mundo e a história são campos
de ação do Espírito Santo através da Igreja e mesmo além da Igreja. Porque o
espírito age como quer, onde quer e quando quer. Não podemos limitar a ação do
Espírito Santo de Deus.
A descida do Espírito Santo: O
Dom
A experiência de Pentecostes
ficou sendo assim conhecida porque aconteceu por ocasião da Festa de
Pentecostes. O nome Pentecostes origina-se do intervalo de cinqüenta 50 dias
que separa a Festa da Colheita da Festa da Páscoa, de acordo com a tradição
judaica. A descida do Espírito Santo sobre a Igreja reunida em Jerusalém
naquela ocasião nos é narrada em Atos 2, o capítulo de abertura e de impacto da
história da igreja cristã primitiva. O livro de Atos como um todo mostra o
Evangelho em ação. O livro mostra o impacto que uma comunidade pode causar
quando vive e age no poder do Espírito Santo.
Os dois personagens principais
deste livro, Pedro e Paulo, agiram no poder do Espírito. Os capítulos 2 e 3 de
Atos registram dois sermões do apóstolo Pedro, quando oito mil almas se
renderam ao pé da cruz de Cristo. O ministério do apóstolo Paulo foi um
ministério de bênçãos e vitórias, levando o Evangelho perante príncipes, governadores
e reis. Assim, o texto de Atos e o contexto do próprio livro de Atos, mostram o
que pessoas e comunidades podem fazer quando se tornam instrumentos vivos e
eficazes do Espírito Santo.
A Promessa da vinda do Espírito
Pentecostes prova ser um tempo em
que as profecias se cumpriram, desde o Velho Testamento até às promessas
gloriosas dos lábios do divino Mestre: Eu vos enviarei o Consolador.
Permanecei, pois, na cidade (em Jerusalém) até que do alto sejais revestidos de
poder. Eles permaneceram. E as promessas de Deus se cumpriram. Porque elas
jamais falham. O Espírito Santo provém, pois, do Pai e do Filho, e juntamente
com o Filho e o Pai, é adorado e glorificado, como diz o texto niceno.
Volvendo os olhos ao passado
distante, vamos encontrar o profeta Isaías falando do Reino do Messias, no
capítulo 11 verso 2, dizendo: repousará sobre ele o Espírito do Senhor. O
profeta Ezequiel, falando da restauração do povo de Deus, afirma: Porei dentro
de vós um espírito novo. E, de uma maneira muito especial, profetizou Joel: E
acontecerá naqueles dias que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne;
vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos terão sonhos e os
vossos jovens terão visões (2.28).
O próprio apóstolo Pedro
identifica a experiência do Pentecostes com o derramamento do Espírito de que
fala o profeta Joel. Temos aqui um exemplo de cumprimento de profecia. Certeza
de Deus. As profecias se cumprem.
Joel afirmou: e acontecerá
naqueles dias que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne (Jl 2.28). Sobre
todos os cristãos verdadeiros, indistintamente de serem judeus ou gentios. No
Antigo Testamento o Espírito vinha sobre algumas pessoas distintas, e seus
carismas (dons) eram dados a algumas pessoas com missão específica e em caráter
temporário. Eram carismas especiais que podiam inclusive ser retirados, caso o
ungido se desviasse das promessas de Deus. Um bom exemplo disto é a oração do
rei Davi após haver pecado: não me retires o teu Santo Espírito (Sl 51.11).
Davi se refere aqui àquela unção especial que havia recebido para ser rei, e
que lhe havia sido ministrada através das mãos do profeta Samuel (1 Sm 16.13).
Já no Novo Testamento, o Espírito
Santo, juntamente com seus dons, é dado a todos os que crêem e seus dons estão
presentes na Igreja de uma forma permanente (Jo 14.16). Diz Lucas: Estavam
todos reunidos no mesmo lugar (...) E foram todos cheios do Espírito Santo (At
2.1-4).
A promessa de Jesus foi: Eu vos
enviarei o Consolador para que fique convosco para sempre. Agora o Espírito é
dado a todos os que crêem e para sempre. Como diria Calvino: "Uma vez
selado com o Espírito Santo, para sempre selado." Que bênção e que
conforto é crermos assim.
O Senhor Jesus também determinou
aos apóstolos que permanecessem em Jerusalém. Permanecei, pois, em Jerusalém,
até que do alto sejais revestidos de poder (Lc 24.49). E em Atos 1.8 temos a
reafirmação dessa promessa: Mas recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito
Santo e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, na Judéia e em Samaria e até
aos confins da terra. Poder para testemunhar, pregar e agir, guiados pelo
Espírito Santo.
O Cumprimento da Promessa no Dia
de Pentecostes
Não muito depois dessa última
promessa, estavam todos os apóstolos com alguns irmãos reunidos em Jerusalém
quando veio do céu um som terrível, como de um vento impetuoso e algo como
línguas de fogo apareceu e foi distribuído entre eles. Estes fenômenos: do som
terrível, como de um vento impetuoso e de línguas de fogo, embora muito
enfatizados por alguns dentro da cristandade moderna, são o ponto menos
importante da experiência. O importante mesmo é que eles foram cheios do
Espírito Santo para comunicar as grandezas de Deus e viver o Evangelho de
Cristo, num testemunho encarnado que se estenderia por toda Jerusalém, Judéia,
Samaria e até aos confins da terra, como testemunhamos hoje.
O fervor e entusiasmo aqui
registrados eram do céu, e não provocados pelo ambiente emocional. Este fato
nos ajuda, com a graça de Deus, a discernir as manifestações reais do Espírito
Santo dos delírios coletivos e das circunstâncias emocionais que possam
acontecer ou serem provocadas. O fervor e o entusiasmo eram de Deus. Essa
diferença é fundamental.
É bem verdade que a fé cristã
comporta emoções as mais sublimes e santas. Tudo, porém, seja feito com
decência e ordem. Conforme nos ensina o Espírito Santo, através do apóstolo
Paulo (1 Co 14.40).
Pode-se dizer que a Igreja
neotestamentária nasceu com a descida do Espírito Santo no Dia de Pentecostes.
Desde então, a Igreja e o cristão agem no mundo como força transformadora no
poder do Espírito, para implantação do Reino de Deus entre os homens.
As línguas faladas no Dia de
Pentecostes
O que dizer do dom de línguas?
Esse fenômeno permite aos homens de todas as raças compreenderem o Evangelho. É
o sinal anunciador do Reino de Deus, daquele dia glorioso quando todas as
barreiras que separam os homens seriam derribadas e a humanidade voltaria a
encontrar em Deus a sua unidade perdida. O Pentecostes assinala o princípio da
grande reunião dos filhos de Deus dispersos por toda a superfície da terra.
Convém notar que o texto de Atos
relata que os apóstolos, uma vez cheios do Espírito Santo, começaram a falar em
outras línguas. Aqui não diz línguas estranhas. Eram línguas conhecidas.
Estavam presentes ali pessoas de várias nacionalidades, com dialetos próprios.
E ouviam falar em suas próprias línguas das grandezas de Deus, conforme relata
Lucas, autor deste maravilhoso livro (At 2.11). O objetivo de falar em línguas
foi o de comunicar o Evangelho de forma clara, para que as pessoas pudessem
entender a mensagem. Não o de ser um dom espetacular ou algo semelhante. O fenômeno
de línguas ali registrado reside no fato de que eram todos galileus os que
falavam, e de outras nacionalidades os ouvintes, e puderam receber e entender a
mensagem em suas próprias línguas.
A lista dos povos ali
representados é algo significativo, do ponto de vista lingüístico e geográfico.
Senão, vejamos: começa com povos que ficavam ao leste (Partos, Medas, Elamitas
e Mesopotâmios); move-se para o oeste até a Judéia, nordeste e até a Capadócia
e outros distritos da Ásia Menor; para o sudeste alcançando o Egito e a Líbia ,
sendo ainda mencionados: Roma, a Ilha de Creta e Arábia. Lembremos as palavras
do verso 8 do capítulo 1: Sereis minhas testemunhas em Jerusalém, Samaria,
Judéia e até aos confins da terra...; ali estava o começo glorioso da grande
expansão missionária da Igreja Cristã nascente.
O fenômeno de línguas ali
registrado reside no fato de que eram todos galileus os que falavam, e de
outras nacionalidades os ouvintes, e puderam receber e entender a mensagem em
suas próprias línguas.
O Pentecostes é ainda, num outro
sentido, uma réplica divina da Torre de Babel. Como tal, aponta para a unidade
criada por Deus no Pentecostes em contraste com a confusão de línguas, juízo
divino sobre fruto do orgulho humano, que pretende se elevar até aos céus e não
consegue. Gênesis 11 relata a confusão e fracasso humanos, seguidos do juízo de
Deus. Pentecostes relata a unidade da Igreja como um dom de Deus. A unidade de
línguas é obra do Espírito Santo. Esta unidade da Igreja é algo que não se
cria: recebe-se, manifesta-se e crê.
Muitos comentaristas apontam para
o fato de que, segundo a tradição judaica, quando a lei foi dada no Monte Sinai,
a voz de Deus foi ouvida em todas as línguas. Segundo a tradição judaica, isto
aconteceu na época da Festa de Pentecostes, e houve também manifestação da
glória e do poder de Deus. Obviamente não podemos tomar tradições judaicas por
certas; entretanto, esta crença judaica é sugestiva do fato que Pentecostes
lembraria para os Judeus presentes naquela ocasião a experiência gloriosa do Sinai
e a dádiva da lei que representava o Espírito e a vontade de Deus para o seu
povo, bem como o poder que haveria de guiá-los em sua peregrinação.
O Espírito Santo é o próprio
Deus-Consolador, que guia, orienta e dirige a Igreja na sua peregrinação à
Canaã Celeste.
Se o Espírito dado à Igreja no
Pentecostes foi compreendido como Sustentador da nossa participação, na reconciliação
e na nova vida, falar da Igreja como inteiramente ligada ao Espírito é
qualificá-la como o povo em quem a soberania de Deus e o Senhorio de Jesus
Cristo são reconhecidos. Portanto, Pentecostes é decisivo para a existência da
Igreja.
Ao que nos parece, para muitos
cristãos modernos, o principal papel ou o único trabalho do Espírito Santo é
dar suspense emocional e alegria interna. Certamente isso era parte da experiência
neo-testamentária, todavia, não era a mais importante. Lembremo-nos, portanto,
de que quando o Espírito Santo atua na vida do crente e da Igreja, o resultado
é alegria, amor, paz e gozo, conforme descreve o apóstolo Paulo em Gálatas
5.22-23.
Dons e Ministérios: Os Dons
A cidade de Corinto era uma
verdadeira ponte transcontinental. Tudo passava por Corinto: os peregrinos, os
mercadores e os diferentes tipos de pregadores. Era uma cidade cheia de
novidades e também de muito pecado.
Na Grécia Antiga, ao lado das
célebres lendas de heróis, semideuses e deuses pagãos, existiam as religiões de
mistério. Corinto era um dos centros dessas religiões de mistério com suas
manifestações estranhas; entidades que entravam em pessoas, mudando-lhes a voz
e os hábitos; adivinhações; clima de emoções tremendas; rituais os mais
variados e extravagantes.
Foi nesse ambiente e nesse
contexto sócio-econômico, cultural e religioso, aqui referidos, que viveu a
Igreja de Corinto e que pregou o apóstolo Paulo.
Foi naquele arriscado ambiente de
sincretismo religioso que o apóstolo Paulo bradou: A respeito dos dons
espirituais não quero, irmãos, que sejais ignorantes (2 Co 12.1).
A necessidade de discernimento
quanto às manifestações espirituais
Ignorar os dons espirituais é
desconhecê-los. Desconhecê-los no sentido de não exercitá-los, ou mesmo no sentido
de não ter qualquer informação sobre sua origem, intensidade e utilidade.
Ignorar pode também significar falta de discernimento espiritual. Atribuir ao Espírito
Santo coisas e fenômenos da própria mente emocionada ou desequilibrada não é bíblico.
Atribuir ao Espírito Santo coisas que não edificam e nem promovem a paz, no
caso "os fenômenos" das religiões de mistério, é falta de
discernimento espiritual, o qual é necessário para não confundirmos nem sermos
confundidos.
Não podemos ignorar que nem todo o
fenômeno religioso vem dos céus, de Deus, do Pai das Luzes em quem não pode
haver mudanças nem sombra de variação... (Tg 1.17). Precisamos de discernimento
para buscar com zelo os melhores dons. Precisamos de discernimento para não
confundir barulho com louvor, entusiasmo com consagração constante, emocionalismo
com o verdadeiro quebrantamento espiritual; precisamos de critério para, não
confundir manifestações externas, não raro mecânicas e estereotipadas, com
comunicação íntima, com fé firme, fé inabalável; precisamos ser pessoas
lúcidas, pessoas sempre abundantes em fruto e na obra do Senhor, sabendo que no
Senhor o vosso trabalho não é vão (1 Co 15.58).
Não se pode dar crédito a todo e
qualquer espírito. Nem toda a manifestação é realmente espiritual. Nem todo o
que diz estar falando pelo Espírito, o está de fato. Paulo ensinou aqui em 1 Co
12.1-3 o critério cristocêntrico pelo qual julgar e discernir aquele que
realmente fala pelo Espírito, com unção e com poder. Paulo lembra aos crentes
de Corinto, que outrora viveram sem Deus e, sem esperança, que naquela época
eram guiados pelos ídolos mudos da antiga religião de mistérios; mas agora, são
guiados pelo Espírito a Cristo; e ensina firmemente: Por isso vos faço compreender
que ninguém que fala pelo Espírito de Deus afirma: anátema Jesus. E por outro
lado, ninguém pode dizer: Senhor Jesus, senão pelo Espírito Santo (2 Co 12.3).
O apóstolo João nos adverte: Não
deis crédito a todo espírito (1 Jo 4.1). O critério cristológico e
cristocêntrico aí está para nos ajudar a discernir. Jesus Cristo é a pedra de
toque; Ele sempre está, olhando para a Igreja, buscando a edificação, a paz, o
bem-estar, a unidade dos remidos. É nesta perspectiva que o apóstolo nos fala
de dons, dons espirituais. Fala de sua origem, seu uso, sua utilidade. É nesta
perspectiva que falamos sobre dons e ministérios.
Dons e Ministérios
A fonte de todos os dons é o
Espírito Santo. Toda dádiva excelente, todo o dom perfeito provém de Deus, do
Pai das luzes em quem não há mudanças, nem sombras de variação. Os dons
espirituais são diversos, mas o Espírito Santo é o mesmo. Diversos dons, uma só
e a mesma fonte, visando a um fim proveitoso: a edificação espiritual da
Igreja, o crescimento dos santos em amor, a paz, a maior compreensão.
Todo o cristão tem um ou mais
dons e nenhum cristão tem todos os dons. Não existe cristão sem dom. É preciso
descobrir o seu dom e, para a glória de Deus, e usá-lo para um fim proveitoso,
para a edificação da Igreja.
Aptidões naturais, ou mesmo dons
espirituais, podem ser exercitados conscientemente ou até inconscientemente.
Há diversidade de ministérios ou
serviços, mas o Senhor é o mesmo. Todos têm dons do Espírito. Todos devem
exercer ministérios na Igreja, ou seja, no Corpo de Cristo, servindo ao Senhor.
Os dons são aptidões em potencial. Os ministérios são essas aptidões postas em
prática.
Há diversidade nas realizações,
mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos. Os dons vêm do mesmo Espírito
Santo. Os ministérios servem o mesmo Senhor Jesus. As realizações são do mesmo
Deus que opera tudo em todos — e todas estas coisas concorrem para a edificação
da Igreja (1 Co 12.4-7).
Os dons são aptidões naturais ou
especiais dadas pelo Espírito para equipar os santos, concedendo-lhes os
diversos ministérios exercidos para toda a boa obra que são as realizações em
Deus.
Todos nós recebemos dons,
talentos e aptidões. É preciso exercê-los no ministério total da Igreja em sua
integridade; apresentá-los em forma de realizações.
O Fruto do Espírito Santo
Temos visto até aqui e cremos
firmemente que o Espírito Santo é Deus, é uma pessoa, e não uma força ou
energia impessoal estranha ao ensino bíblico e às convicções reformadas.
Como pessoa, o Espírito tem
inteligência (Jo 16.13 e Rm 8.27), tem vontade (1 Co 12.11), tem emotividade
(Ef 4.30 e Rm 15.30), dá ordem (At 8.29), proíbe (At 16.6) e constitui (At
20.28).
O resultado da presença do
Espírito Santo no crente é também chamado de o fruto do Espírito Santo (Gl
5.22-23). A manifestação externa desse fruto e é a evidência maior de que ele
tem o Espírito Santo, de que é batizado com o Espírito Santo.
Paulo, em Gálatas 5, faz um
nítido contraste entre "carne" e "Espírito". Carne não dá
fruto, produz obras no plural. E que obras terríveis! Carne e Espírito são
opostos entre si. O que semeia para a carne, colhe corrupção e morte; mas o que
semeia para o Espírito, do Espírito colherá a vida eterna (Gl 5.8).
O fruto, que resulta do fato do
crente ter o Espírito Santo, e de ser batizado com o Espírito Santo, está
explícito em Gálatas 5.22-23. Note que não se diz "frutos", mas, sim,
"o fruto". Além de estar no singular, vem precedido do artigo
definido.
Conclusão
Vimos o dom, a dádiva, a descida
do Espírito Santo, no Dia de Pentecostes, como um evento singular; os dons espirituais,
como sendo do Espírito e não nossos, a serem usados para um fim proveitoso, a
edificação do Corpo de Cristo e para a glória de Deus. Sempre que o uso de um
dom é distorcido, Deus o transfere, o retira ou o faz cessar. Agora, o fruto do
Espírito Santo que se desdobra em amor, alegria, paz, longanimidade, bondade,
fidelidade, mansidão, domínio próprio é permanecente.
Pode acontecer, e tem acontecido,
casos de pessoas que se dizem batizadas com o Espírito Santo e que, manifestam
dons até espetaculares, mas não se vê nessas pessoas as expressões do fruto do
Espírito Santo. Embora não devamos julgar de forma descaridosa estas pessoas,
devemos exercer os critérios bíblicos antes de receber tais manifestações como
sendo legitimamente produzidas pelo Espírito Santo.
Quero concluir, afirmando que
todo aquele que é nascido de novo é batizado com o Espírito Santo, é templo do
Espírito Santo, e tem o Espírito Santo. E se alguém não tem o Espírito de
Cristo, esse tal não é dele, afirma o apóstolo Paulo (Rm 8.9b).
Quem tem o Pai, tem o Filho; e
quem tem o Pai e o Filho, tem o Espírito Santo. Não se pode dividir o
indivisível, que é Deus. Ele é triúno.
Nós não tememos o que vem do
Espírito Santo, desde que exercitado dentro dos parâmetros das Escrituras e sob
a disciplina do próprio Espírito. Veja o que diz Paulo: Ninguém que fala pelo
Espírito de Deus afirma: Anátema Jesus! por outro lado, ninguém pode dizer: Senhor
Jesus! senão pelo Espírito Santo (1 Co 12.3).
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