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quarta-feira, 25 de junho de 2014

A Autoridade da Palavra



Tom Ascol

Durante a história, especialmente depois da Reforma, é notório que os protestantes têm tido um respeito profundo pela Bíblia. As melhores DECLARAÇÕES DE FÉ que nós temos começam com uma afirmação de nossa submissão a esta Palavra de Deus.

Por exemplo: O primeiro parágrafo da Confissão de Fé Batista de 1689 começa assim: "A Sagrada Escritura é a única regra suficiente certa e infalível de conhecimento para a salvação, de fé salvadora e de obediência...".

Isto tem sido aceito por todos os batistas através da História, e isso por si só explica por que temos classes de estudos bíblicos nas nossas igrejas; explica por que nós lemos grandes porções da Palavra de Deus em nossos cultos de adoração; explica, também, por que nossos cultos deveriam ser centrados na Palavra de Deus. Ajuda até a explicar um pouco da nossa arquitetura; qual é o enfoque, qual é o ponto principal daquela construção das igrejas que foram centradas nessas verdades que estamos nós enfocamos.

O enfoque, no caso, é o púlpito, o local de onde a Palavra de Deus vai ser lida, vai ser pregada. Isso não é uma coisa acidental, ela é feita com propósitos definidos. Tudo porque a Bíblia deve ser central à nossa vida, à nossa adoração. Meu querido irmão pastor, à medida que o irmão está semana após semana diante da sua congregação, espera-se, exige-se, que o irmão esteja ali pregando a Palavra de Deus. Nunca devemos esperar que o irmão esteja ali para falar do seu conhecimento próprio, da sua sabedoria pessoal. O chamado para ser um pregador da Palavra é um chamado a sermos submissos à Palavra. Por que é que nós fazemos isso? Por que devemos ter uma visão tão elevada das Escrituras, e não dos livros santos dos hinduístas ou dos muçulmanos? Há uma resposta simples a esta pergunta: porque a Bíblia é Palavra de Deus escrita para o nosso benefício.

Há algum tempo eu estava falando numa conferência de jovens e, depois de uma das mensagens, vários jovens vieram conversar comigo. Eu gosto muito de conversar com jovens. E eles tinham perguntas com relação à mensagem, com relação às inquietações que estavam enfrentando. Enquanto nós conversávamos, eu percebi que havia um jovem que estava meio retraído, num cantinho. Ele esperou que todos fossem embora, e aí ele se achegou para mim com um olhar que o denunciava estar muito perturbado. Disse-me: "Pastor Ascol, eu espero que o senhor possa me ajudar! Eu tenho um problema sério para o qual não encontro resposta. Eu quero que o senhor me prove que a Bíblia é verdadeira. Prove que ela é verdadeiramente Palavra de Deus". Eu olhei para ele e disse assim: "Eu não consigo fazer isso". O jovem demonstrou ficar chocado com a minha resposta. Eu acho que o que ele estava realmente procurando era um debate, uma discussão. Ele começou a explicar todo o seu ceticismo, todas as suas dúvidas e confusões. Ele estava esperando ou que eu desse uma resposta bem simples ou que eu me deixasse envolver pelas armadilhas do seu ceticismo. Por um lado, não era consistente dizer que a Bíblia é a Palavra de Deus e que nós devemos nos submeter à sua autoridade quando estava falando para um cético; mas por outro lado, eu dizer que nós não podemos provar que ela é a Palavra de Deus repleta da autoridade de Deus não é isso inconsistente, na verdade.


Na verdade eu estou convencido de que a Bíblia é a Palavra escrita de Deus. Eu estou tão convencido disto quanto estou convencido que a distância mais curta entre dois pontos é uma linha reta. Mas eu não posso provar nenhum dos dois pontos de forma dedutiva. No entanto, a evidência para os dois casos é algo que nos deixa maravilhados. Você já tentou provar, de forma dedutiva, que a distância mais curta entre dois pontos é a linha reta? Não dá para se fazer isso. Eu pedi que meus filhos fizessem isso há alguns meses. Sabe o que eles fizeram? Eles pegaram um pedaço de papel e começaram a encher de pequenos pontos; então, eles começaram a juntar os pontos com linhas nas várias direções. E depois de uma hora de conversa nós tínhamos dúzias de papéis cheias de linhas retas ligando dois pontos. E o que eles conseguiam dizer para mim era: "Está vendo, papai, a distância mais curta entre dois pontos é a linha reta". E eu continuava dizendo para eles: "Mas ainda havia outras opções que vocês não tentaram". De forma dedutiva não há como você provar esta verdade, mas isso não faz com que a coisa não seja verdade. Todo o sistema matemático e da Física se estrutura sobre este ponto; da mesma forma nós temos uma multidão de razões para submeter-nos e obedecermos a Palavra de Deus. Eu gostaria que nós considerássemos algumas destas razões que a própria Bíblia enumera.

II Tm 3.14-17

Esta é a última carta que o Apóstolo Paulo escreveu; ele estava perto do final da sua vida. A melhor evidência que temos da morte de Paulo sugere que isto aconteceu não muitos meses após ele terminar esta carta. Ele está escrevendo ao seu jovem colega de ministério, Timóteo. Timóteo era pastor da Igreja em Éfeso. Aqui está o velho Apóstolo Paulo, o idoso Apóstolo Paulo, escrevendo as instruções finais àquele jovem pastor. Ele passa uma boa parte de seu tempo escrevendo esta epístola, enfatizando a importância da Palavra de Deus. Estes versículos, eles compreendem uma porção clássica a respeito da Palavra de Deus, e do que ela é em relação ao restante da Escritura. Vamos ouvir o que o próprio Deus diz à respeito de Sua própria Palavra. Vers.14:-17: "Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste. E que desde a infância sabes as Sagradas Letras que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na Justiça. A fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda a boa obra." Nós vamos gastar um tempo razoável abordando dois pontos: "A origem e o propósito da Bíblia".

Primeiro: A Bíblia vem de Deus. O versículo dezesseis diz que toda a Escritura é dada por inspiração de Deus. A palavra "inspirada", é uma palavra importantíssima. Paulo não está falando aqui de uma experiência subjetiva; não é aquele sentido de inspiração em que se tem uma noção mais profunda de que algo está por acontecer ou acontecendo. Todos nós já experimentamos o que é inspiração nesse sentido que eu acabei de descrever. Eu já fui inspirado pelo pôr do sol, por exemplo! Eu já fui inspirado por algum ato heróico de alguém. Nós falamos de inspiração com esta conotação subjetiva. Não é isto que o Apóstolo Paulo tem em mente, quando ele usa a expressão inspirada; literalmente traduzindo esta expressão, nós teríamos que dizer: "soprada por Deus". O que o Apóstolo Paulo está dizendo é que: "Deus soprou as suas Escrituras". Na verdade ele esta dizendo: "Deus expirou as Escrituras." Saindo de sua boca como seu próprio respiro.

Não existe na própria Bíblia nenhuma afirmação, categórica, cristalina, que explica como Deus fez isso! Sabemos que Deus usou autores humanos, mais de quarenta deles. Eles escreveram num período compreendido entre 1.500 a 2.000 anos. Escreveram a partir de contextos diferentes, pano de fundo histórico diferente, escreveram com estilos diferentes; é fácil nós vermos, por exemplo, a diferença de estilo entre um Marcos e um João. O Evangelho de Marcos é cheio de ação, ele quer descrever os eventos da vida de Cristo de forma vívida para nos dar um bom resumo de todos esses eventos. O Evangelho de João, por outro lado, procura descrever, em minúcias, alguns eventos chaves da vida de Jesus. Então, cada um desses autores está escrevendo por perspectivas diferentes, por visões diferentes, com estilos diferentes. Mas o propósito de Paulo ao se referir acerca de todos os escritores bíblicos, é que Deus os dirigiu sobrenaturalmente, à medida que eles iam escrevendo. De forma que aquilo que eles escreveram, na verdade, foi Deus quem "expirou" (soprou). No evento da inspiração das Escrituras, nós somos mais uma vez confrontados com aquele relacionamento chave entre a SOBERANIA DE DEUS E A RESPONSABILIDADE HUMANA. A Soberania de Deus não nega a Responsabilidade Humana! Mas ainda assim, a responsabilidade humana não suprime a SOBERANIA DE DEUS! O apóstolo Pedro sabia disso muito claramente e por isso ele escreve em II Pe.1:20,21: "Sabendo, primeiramente, isto, que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca, jamais, qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto homens [santos] falaram da parte de Deus movidos pelo Espírito Santo".

Em outras palavras: A inspiração é algo que vem da Soberania de Deus e da responsabilidade humana. O Apóstolo Paulo está tecendo esse argumento como referindo-se a toda as Escrituras, (a Bíblia completa). É verdade que, quando ele escreveu a Timóteo, tinha em mente primordialmente o Antigo Testamento. Porque os trinta e nove livros do Antigo Testamento eram a Bíblia do Apóstolo Paulo. Na mente dos escritores do Novo Testamento, há uma equação entre Deus e as Escrituras; não é idolatria de forma alguma, não é confundir Deus com um livro, é um reconhecimento dum livro que vem de Deus. (Refere-se às Escrituras, na própria Bíblia, como sendo o próprio Deus). E as palavras escritas nas Escrituras são equacionadas com as palavras que vêm da boca do próprio Deus. Por exemplo: Gálatas. 3:8. Aqui o Apóstolo Paulo escreve o seguinte: "Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti serão abençoados todos os povos". Você percebe o que Paulo diz acerca da Escritura? Ele diz: "A ESCRITURA PREGOU A ABRAÃO!" Ele está citando Gênesis:12:3. Se você abrir em Gênesis 12:3 encontrará o seguinte: É Deus que está falando diretamente a Abraão. São as palavras verbais de Deus que Paulo cita aqui. E Paulo diz: "Ora, a Escritura anunciou a Abraão". O que isso nos diz a respeito do pensamento de Paulo com relação às Escrituras? Ele equaciona as palavras das Escrituras com as palavras do próprio Deus. O que a Escritura diz, Deus diz! Nós encontramos isto claramente, em Romanos.9:17: "Porque a Escritura diz a Faraó: Para isso mesmo te levantei, para mostrar em ti o meu poder, e para que o meu nome seja anunciado por toda a terra". Paulo diz em Romanos, "a Escritura diz isso a Faraó"; é como se ele estivesse conferindo à Escritura uma voz.

Mas o que encontramos em Êxodo 9:16?

Nós descobrimos que as palavras que Paulo cita aqui, são as palavras audíveis de Deus pronunciadas naquela oportunidade. Então o que é que Paulo pensa das Escrituras? "O que a Escritura diz, Deus afirma!" Nós vemos isso na direção oposta também. A Escritura não é apenas mencionada como sendo o próprio Deus falando, mas fala-se de Deus pronunciando palavras como se fora a Escritura! Jesus nos dá um exemplo disso em Mt.19:04,05. Ele está respondendo algumas dúvidas, algumas perguntas dos seus críticos. Veja o que diz esta passagem (Mateus.19:04-05): "Então respondeu Ele: Não tendes lido que o Criador desde o princípio os fez homem e mulher, e que disse: Por esta causa deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne?".

Jesus está dizendo que: "Deus disse isso a Adão e a Eva". Ele está citando Deus! Mas se você abrir em Gênesis 2:24, verá que essas não são as palavras audíveis de Deus, não foi Deus que falou isso de forma audível. Na verdade elas são a descrição inspirada que Moisés narrou naquele trecho. Jesus fala a respeito de Deus como se Suas palavras fossem a própria Escritura. Em Hebreus 3:07, o autor diz o seguinte: "Assim, pois, como diz o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a sua voz....". O autor está dizendo que foi o Espírito Santo que pronunciou estas Palavras. É o que diz o Salmo 95.7: "Ele é o nosso Deus, e nós ovelhas de sua mão. Hoje, se ouvirdes a sua voz." Em nenhum lugar dessa passagem as palavras são atribuídas ao Espírito Santo. Mas o autor de Hebreus diz que o Espírito Santo pronunciou estas Palavras. Nós vemos o mesmo tipo de raciocínio em Atos 4. Os discípulos haviam passado por perseguição. Fora dito a Pedro e João que não pregassem mais em nome de Jesus; eles levaram o seu relato de volta para a Igreja (Pedro e João). Em Atos 4:24,25 vejamos o que aconteceu: "Ouvindo isto, unânimes levantaram a voz a Deus e disseram: Tu, Soberano Senhor, que fizeste o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há; que disseste por intermédio do Espírito Santo, por boca de Davi, nosso pai, teu servo: Por que se enfureceram os gentios, e os povos imaginaram cousas vãs?" Aqui há uma equação daquilo que o homem disse, com aquilo que Deus está dizendo! O Espírito Santo é tido como tendo proferido as palavras das Escrituras. Na mente dos escritores do Novo Testamento não existe essa tendência moderna que nós encontramos mais e mais nos dias de hoje: de separar a autoridade de Deus da autoridade das Escrituras. O que as Escrituras dizem, Deus diz; o que Deus diz, as Escrituras dizem!

Quando Paulo disse que toda a Escritura é inspirada por Deus, ele estava pensando, primordialmente, no Antigo Testamento. Mas essa afirmação certamente inclui os livros do Novo Testamento, porque no Novo Testamento se equaciona os escritos dos Apóstolos com a Palavra de Deus. O Apóstolo Paulo teve esta compreensão em I Ts 2.13, quando ele escreveu o seguinte: "Outra razão ainda temos nós para incessantemente dar graças a Deus: É que, tendo vós recebido a Palavra que de nós ouvistes, que é de Deus, acolhestes não como palavra de homens, e, sim, como, em verdade é, a Palavra de Deus, a qual, com efeito, está operando eficazmente em vós, os que credes". Vocês não receberam, diz Paulo, as nossas palavras, como se fosse meramente palavras de homens! Mas como sendo a própria Palavra de Deus, como na verdade elas são. O apóstolo Pedro também reconheceu a autoridade dos escritos neo-testamentários, como se vê em II Pedro 3:15,16. Eu, amo, esta passagem, das Escrituras! Ouça o que o Apóstolo diz: "E tende por Salvação a longanimidade de nosso Senhor, como igualmente o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca destes assuntos, como de fato costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também as demais Escrituras, para a própria destruição deles". Pedro, aqui, diz que não entende certas coisas que Paulo havia escrito (eu me conforto muito com essa, passagem). Será que você já encontrou alguma coisa na Bíblia que é de difícil entendimento? Se é o caso, você está bem acompanhado; o Apóstolo Pedro se sentia do mesmo jeito! Mas reparem o que Ele diz acerca dos escritos de Paulo! Ele diz que alguns indoutos, algumas pessoas não preparadas, torcem aquilo que Paulo escreveu. Ele diz não apenas o que Paulo escreveu, mas o restante das Escrituras. Você consegue entender o que está na mente de Pedro? Pedro equaciona os escritos de Paulo, com o resto das Escrituras; os escritos de Paulo fazem parte, da Escrituras. É exatamente o que Jesus prometeu o que haveria de acontecer; que, seus, apóstolos, haveriam de levar adiante o seu ministério profético; e escrever as Escrituras.

Em Jo.14:26, Jesus diz aos seus Apóstolos: "Mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as cousas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito". Esta promessa se tornou realidade nos escritos neo-testamentários. Essa é a visão das Escrituras que todas as igreja cristãs, de fato, sempre tiveram até bem recentemente. Talvez, apenas nos últimos 100 a 150 anos é que as igrejas chamadas de cristãs aceitaram a possibilidade de começar a duvidar desse ponto de vista. A única forma correta de você conhecer a Deus é através de Sua Santa Palavra, a Bíblia. É a Sua Palavra, escrita para benefício nosso. É presunçoso pensar que você pode conhecer a Deus, ou amar a Deus, ou agradar a Deus, sem submeter-se à autoridade da Bíblia! Seria a mesma coisa que um homem, que começa num emprego novo, sendo-lhe entregue o manual da política daquela empresa, de como ela funciona; esse manual vai instruí-lo naquilo que a companhia espera dele. Ele pode até pensar que está agradando ao seu patrão, mas, se ele nunca olha para o manual da política de sua empresa, ou se ele ridiculariza este manual, ou se ele simplesmente o coloca de lado, estará aprontando um tombo muito grande para ele mesmo dentro daquela empresa.

O mesmo acontece com aqueles que querem ignorar a Bíblia, já que ela, a Palavra de Deus, é soprada, é expirada por Deus. Ela tem autoridade sobre nós. É a revelação do seu Criador, a Seu próprio respeito, para si mesmo. Você pode ter total confiança ao ouvir a Bíblia, porque foi o próprio Deus que a confiou a nós.

Os pastores devem dar duro, no sentido de ensinar ao seu povo. Ajudar ao rebanho a ouvir a Palavra de Deus. A Bíblia não é apenas a Palavra escrita de Deus, mas é a Palavra escrita para o nosso benefício. Ela é proveitosa de uma forma bem genérica; é o que o Apóstolo Paulo diz aqui em nosso texto, no vers. 16. Ele diz que a Bíblia é proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir e para instruir em justiça, ou na doutrina. Instrução, direção, sabedoria, encorajamento, conforto, ajuda, todas essas coisas vêm até nós através da Bíblia.

A Bíblia é proveitosa em um sentido muito específico: É um livro de Salvação! Paulo diz a Timóteo no vers. 15 que as Sagradas Letras (ou Escrituras) podiam fazê-lo sábio para a Salvação pela fé que há em Cristo Jesus. Este é o livro da Salvação! A palavra "Salvação" tem um conceito tão profundo e ainda assim é um conceito que é tão mal compreendido por tantas pessoas. A Salvação é uma experiência moral, é a mudança da natureza moral de uma pessoa; é uma experiência relacional. É a mudança do posicionamento de uma pessoa diante de Deus. Quando vem a salvação o relacionamento de um homem, de uma mulher, com Deus, é profundamente alterado; essa pessoa é transformada de uma condição prévia de condenada, para uma posição de ser perdoada completamente dos seus pecados. Ela é transformada de uma posição de ser um inimigo de Deus e é trazida para um relacionamento de um filho de Deus. Ela é adotada e é trazida para um relacionamento eterno com o seu Criador. E essa Salvação vem tão somente através de Jesus Cristo; Paulo diz: "As sagradas letras são aptas para tornar-te sábio para a Salvação".

Apenas a Bíblia nos revela o plano de Deus para a Salvação. Desde o Antigo Testamento, até o Novo testamento, esse plano de Deus é desvendado diante de nossos olhos. Desde aquelas primeiras cenas da criação, a Salvação já é anunciada. Quando Adão e Eva pecaram e se afastaram de Deus, Ele anunciou um meio de Salvação através de Seu Filho. Nós vemos este plano de Salvação ser elaborado através do Antigo Testamento, como a promessa do Salvador que haveria de vir, promessa essa que os profetas falaram repetidamente. A forma dessa Salvação é mostrada às pessoas do Velho Testamento através daquele sistema sacrificial existente no Antigo Testamento. O Antigo Testamento ensina que a redenção vem a custo de sangue derramado e que nós precisamos de um mediador entre Deus e os homens. Ensina que alguém precisa morrer pelos nossos pecados. Dia após dia, noite após noite, os israelitas do Antigo Testamento eram relembrados dessas verdades; do sacrifício da manhã até o sacrifício do entardecer, através de todas as estações do ano, eles eram relembrados destas verdades através daqueles sacrifícios, através daquelas cerimônias que eram exigidas da nação de Israel. E o Antigo Testamento expande a promessa da vinda da Salvação de Deus. Essa promessa que é expandida no Antigo Testamento, nós temos o seu cumprimento no Novo Testamento à medida que o Senhor Jesus chega como resposta a tudo aquilo que o Velho Testamento antecipou, cumprindo todos aqueles sacrifícios e trazendo a um ponto final de todos aqueles cerimoniais que haviam no Velho Testamento. Este término vem através de Sua vida e da Sua morte, oferecendo-se como substituto por pecadores, realizando a nossa redenção. Então, agora, em Cristo nós temos esperança, segurança da salvação eterna. Esta é a Palavra da salvação de Deus; é uma mensagem de graça, de salvação para todos; e todos aqueles que haverão de vir a Jesus Cristo, podem através disto ser salvos.

Você crê na Bíblia? Você crê na Salvação de Deus, através de Jesus Cristo? Você já se tornou sábio para a Salvação? Se isso já aconteceu com você, terá que levar estas boas novas a outras pessoas! Meus colegas pastores, esta é a razão primordial pela qual devemos pregar a Bíblia. A opinião humana nada pode acrescentar, apenas a própria Palavra de Deus, por si só, tem a capacidade de tornar os seus ouvintes sábios para a Salvação. Nós não devemos permitir que nada nos distraia de pregarmos apenas a Palavra de Deus. É por isso que a Bíblia merece a nossa submissão e o nosso respeito; é a Palavra de Deus para nós, Palavra que Ele soprou para nós. Ela revela as maravilhosas "boas novas" da Salvação em Cristo Jesus; os milhões e milhões de livros que já foram escritos não podem reivindicar isso. Qual é a sua atitude pessoal para com a Bíblia? Você a tem como a própria Palavra de Deus? Então, temos que permanecer com a Bíblia; precisamos nos alimentar dela, precisamos viver dela, temos que ler a Bíblia como uma carta de amor dAquele que amou as nossas almas. Nós precisamos dar duro para compreendê-la e fazermos o máximo para comunicar Cristo de forma cristalina a todos. Como pastores da Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo, nós temos que pregar a Bíblia com confiança, convencidos de que ela é a própria Palavra de Deus.

O que deveríamos fazer com aqueles que têm dúvidas honestas para com a Palavra de Deus, ou acerca daqueles que lhe são indiferentes? É bom nós mostrarmos a essas pessoas por que cremos que a Bíblia é a Palavra de Deus; que nós jamais cheguemos a pensar que podemos de fato provar que ela é a Palavra de Deus; em lugar de encorajá-los a procurarem argumentos os mais diversos, encorajemos estas pessoas a ler a Bíblia; leiamos a Bíblia junto com essas pessoas e procuremos fazer com que elas entendam o que estão lendo. Este livro é a própria Palavra de Deus. Ele é capaz de tornar as pessoas sábias para a salvação. Nós deveríamos respeitar a Bíblia, honrar a sua autoridade na nossa vida? É lógico, é claro! Não há outro livro semelhante a esse! Deus fala-nos através da sua Palavra; o que a Escritura diz, Deus diz! E se este livro não é senhor de sua mente e de seu pensar, então o Senhor Jesus Cristo não é Senhor da sua vida. Este livro, e apenas este livro, nos fala de um Salvador; um Salvador que pode nos levar a Deus.

No inverno de 1945, a força expedicionária do Exército Brasileiro estava junto com o Quinto Exército Americano na Itália. Os brasileiros travaram uma das suas batalhas mais sangrentas de toda a sua história durante um inverno muito severo! O pastor João Soren, ex- pastor da Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro, era capelão desta divisão da força expedicionária do Exército Brasileiro. Ele tinha a responsabilidade, triste aliás, de procurar naquele sopé de montanha os corpos dos soldados brasileiro mortos; e muitos dos que morreram anteriormente, já estavam enterrados ali. E, à medida que ele procurava, encontrou um corpo de um jovem brasileiro. Ao ver seu corpo (sendo um sargento) logo identificou como sendo um jovem que havia crescido na igreja que ele havia pastoreado na cidade do Rio de Janeiro; e já que a neve estava derretendo, o corpo daquele jovem sargento, estava preservado. Ele havia gasto toda a sua munição. No momento que estava pronto para fazer um ataque final, uma bala do inimigo atravessou o peito daquele rapaz. Ficou claro que ele não morreu imediatamente, pois teve tempo de pegar no seu bolso uma pequena Bíblia que o capelão havia lhe dado. Nos momentos finais de sua vida, enquanto ele estava ali morrendo, abriu sua Bíblia no Salmo 23. No momento que ele morreu, sua cabeça caiu para frente e o sangue que caía do seu peito colou o seu rosto, congelado pela neve, nas páginas da Bíblia, exatamente naquele texto. Nos momentos finais da sua vida, enquanto ele morria, sem dúvida ele lia a sua Bíblia, que havia aprendido a amar.

"Que Deus nos conceda, como pastores, a bênção de morrer amando, pregando e ensinando a Palavra de Deus. Que nós jamais percamos o respeito pela Bíblia; é a Palavra de Deus, é a Palavra de Deus escrita para nosso benefício".

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